9/20/2024

PROMESSAS AO VENTO: A LENTA AGONIA DOS QUE PERDERAM TUDO

 
Quando as chamas consumiram tudo à sua volta, a família Silva mal teve tempo de salvar a própria vida.

O aviário, as máquinas agrícolas, os campos, os animais... tudo se transformou em cinzas. Durante anos, aquela terra tinha sido o seu sustento. Agora, restava apenas a esperança, alimentada pelas promessas dos políticos de que a ajuda viria rapidamente.

"Vamos reconstruir juntos!", diziam eles nas entrevistas, no calor do momento.

Mas os meses foram passando e, em vez de ajuda, o que chegou foi a burocracia. "Precisamos de mais um documento", "Agora é só aguardar pela aprovação", diziam os técnicos.

E assim, a família Silva, que antes sustentava-se do suor do seu trabalho, passou a depender da solidariedade dos vizinhos, da boa vontade de quem pouco tinha, mas oferecia o que podia.

O Estado? Esse parecia distante, preso numa rede de papéis e promessas vazias.

Sete anos se passaram, e o apoio nunca veio. Quando chegou, já era tarde demais. O que restava da antiga vida tinha desaparecido, e os poucos recursos recebidos não compensaram nem de perto as perdas.

Esta não era a única história de dor e desdém. Outros, como a dona Maria, uma senhora que perdeu o vale da reforma no incêndio e guardava em casa o pouco dinheiro que tinha, viram as suas vidas virarem pó, sem qualquer resposta.

Ficou apenas com a roupa do corpo, enquanto aguardava um auxílio que nunca chegou.

A verdade é dura e implacável: no calor das tragédias, os discursos são inflamados, promessas de esperança soam por toda parte. Mas, quando a fumaça se dissipa, o que sobra é a incerteza e o desespero.

Quem perdeu tudo fica à mercê de um sistema que deveria estar ao seu lado, mas que falha repetidamente.

É hora de sermos sérios e rápidos. O Estado tem o dever de ser célere e eficiente, porque cada dia de atraso é uma vida que se desfaz um pouco mais. Não podemos continuar a brincar com a desgraça alheia.

Este é um apelo para que as promessas deixem de ser meras palavras ao vento e se tornem ações concretas, que realmente ajudem quem precisa, no tempo em que precisa.

Não podemos permitir que histórias como estas continuem a ser repetidas.

João Manuel

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