Quando as chamas consumiram tudo à sua volta, a família Silva mal teve tempo de salvar a própria vida.
O aviário, as máquinas agrícolas, os campos, os animais...
tudo se transformou em cinzas. Durante anos, aquela terra tinha sido o seu
sustento. Agora, restava apenas a esperança, alimentada pelas promessas dos
políticos de que a ajuda viria rapidamente.
"Vamos reconstruir juntos!", diziam eles nas
entrevistas, no calor do momento.
Mas os meses foram passando e, em vez de ajuda, o que chegou
foi a burocracia. "Precisamos de mais um documento", "Agora é só
aguardar pela aprovação", diziam os técnicos.
E assim, a família Silva, que antes sustentava-se do suor do
seu trabalho, passou a depender da solidariedade dos vizinhos, da boa vontade
de quem pouco tinha, mas oferecia o que podia.
O Estado? Esse parecia distante, preso numa rede de papéis e
promessas vazias.
Sete anos se passaram, e o apoio nunca veio. Quando chegou,
já era tarde demais. O que restava da antiga vida tinha desaparecido, e os
poucos recursos recebidos não compensaram nem de perto as perdas.
Esta não era a única história de dor e desdém. Outros, como
a dona Maria, uma senhora que perdeu o vale da reforma no incêndio e guardava
em casa o pouco dinheiro que tinha, viram as suas vidas virarem pó, sem
qualquer resposta.
Ficou apenas com a roupa do corpo, enquanto aguardava um
auxílio que nunca chegou.
A verdade é dura e implacável: no calor das tragédias, os
discursos são inflamados, promessas de esperança soam por toda parte. Mas,
quando a fumaça se dissipa, o que sobra é a incerteza e o desespero.
Quem perdeu tudo fica à mercê de um sistema que deveria
estar ao seu lado, mas que falha repetidamente.
É hora de sermos sérios e rápidos. O Estado tem o dever de
ser célere e eficiente, porque cada dia de atraso é uma vida que se desfaz um
pouco mais. Não podemos continuar a brincar com a desgraça alheia.
Este é um apelo para que as promessas deixem de ser meras
palavras ao vento e se tornem ações concretas, que realmente ajudem quem
precisa, no tempo em que precisa.
Não podemos permitir que histórias como estas continuem a
ser repetidas.
João Manuel
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