6/28/2024

O mito da sustentabilidade e a crise climática

Deveríamos falar seriamente sobre a crise climática, mas falar com vontade de transformar. Infelizmente estamos a perder essa guerra. Tem uns que argumentam que, além da terra ser tão plana quanto a cabeça deles, que esse é um tema da agenda neoliberal, tal como os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, então no seu negacionismo anarquista acham que não se deve fazer nada. No outro extremo, principalmente os cientistas e ambientalistas, consideram ser um grande problema que coloca em causa o futuro da humanidade. Pelo meio fica clara a dificuldade da informação ser interiorizada para se passar à prática e do tema ser mais do que pronúncia de política pública. Assim, a população que antes se mostrava muito preocupada está agora dividida e engolida pela febre do "não quero saber".

É urgente actuar, mas aqui confesso o meu cepticismo. Naturalmente que não é um cepticismo relacionado com a dimensão descomunal do problema, não tenho qualquer dúvida que é urgente tomar medidas concretas e articuladas. A complexidade da crise climática convoca-nos a todos a agir e de forma integrada na mitigação e adaptação dos impactos nas suas várias dimensões. 

A questão é a seguinte: se não fomos capazes de resolver problemas ditos de primeira geração, que se arrastaram nas últimas décadas, agravando a degradação do planeta, quem nos garante que agora vamos assistir a uma mudança de paradigma na resposta das políticas públicas, da economia e cidadania? Não existe essa garantia, pelo contrário, o sistema capitalista avança ferozmente na exploração da natureza ao mesmo tempo que o desperdício e as desigualdades aumentam.

Precisamos ir para além da agenda tecno-económica das alterações climáticas, de que a ciência também se beneficia, e implementar uma resposta efectivamente transformadora. Para tal precisamos de agências multilaterais internacionais fortes e com capacidade de coordenação com os governos nacionais nos mais diversos níveis. A comunicação social e a cidadania jogam aqui, igualmente, um papel importante, pois nada se faz sem informação credível, em rede e descodificada para todos os públicos-alvo. A agenda de cidadania é crucial, na medida que pode pressionar as políticas e pode levar a uma mudança de práticas, por exemplo, de mobilidade, de mobilidade e lazer.

A aposta nas energias renováveis e na mobilidade está a dar mostras de fazer parte dessa agenda neoliberal. Falar aqui em sustentabilidade é uma verdadeira falácia. Não exclusivamente por causa dos impactos nas comunidades mais vulneráveis, mas pela corrida a metais preciosos e pelo facto de se apostar, no caso da mobilidade, em automóveis de alto padrão. Quem identificar aí qualquer laivo de transição energética e redução de desigualdades não estará a ver bem a coisa. A crise climática não tem retorno, mas este caminho não nos serve.

História e memória ...

 Dia Mundial do Refugiado




Dia 20 de junho de 1940, Dalí e sua mulher Gala viram a sua vida trilhada para a liberdade, através de um visto de Aristides de Sousa Mendes. Deixo-vos, no dia "Mundial do Refugiado", com a obra “Vidas de Cristal, Aristides & Dalí”.

#DeverdeMemória

Josefa Reis
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Fragmentos

Escuto e reajo ao labirinto de ideias

Chego a vacilar perante a imensidão

Nem toda a complexidade pode ser síntese

Nem todo o amor pode ser compreendido

Escuto e fragmento os instantes

Tapo-os com a luz da alma

Apimento beijos e escolhas

Recorro à memória para me citar

Tem tanta chuva que se esquece

Pusemos os pés na lama, mas tudo isso esquece

Comemos pão e azeitonas

Não chegámos a ver o diabo

Nem a confirmar se amassou esse pão

De um momento para o outro é o destino

O suor que cansa o riso

O trajecto para narrar peripécias

Adoramos acrescentar pontos

Mesmo quando os olhos brilham

A intensidade da vida vivida é mágica

Escuto e acalmo o coração

Não que viva aflito em permanência

Apenas precisa do sentir macio das flores

Dos aromas profilácticos do desejo

Não vale a pena correr de angústia

A existência é mais curta que o ar

Precisamos respirar fundo

Iremos sempre chegar ao mesmo destino


José Gomes Ferreira

Fortaleza de opiniões – António Costa (presidente do CE)

 


O que pensa da eleição de António Costa como presidente do Conselho Europeu?

António Machado - Todo o processo é manobra de diversão.

Dores do Carmo - Relativamente à questão, acho que se António Costa for eleito Presidente do Conselho Europeu, será prestigiante para o nosso país.  É sempre um motivo de orgulho termos portugueses em lugares de destaque ao nível europeu e internacional. Considero que o nosso ex- Primeiro Ministro é um político bem preparado e conhecedor dos assuntos europeus e, por conseguinte, capaz de exercer este cargo com competência. Obviamente que o seu papel será presidir a um órgão da União Europeia e representá-la em cimeiras e organizações internacionais e, portanto, teremos um interveniente importante no cenário internacional, o que não deixa se ser honroso para Portugal e reforça a nossa posição no seio dos 27.

João Manuel - António Costa como presidente do Conselho Europeu representa um marco histórico, não apenas para Portugal, mas para toda a União Europeia. É com grande orgulho e esperança que vemos um líder português assumir um dos mais altos cargos europeus, trazendo consigo uma vasta experiência e um compromisso inabalável com os valores europeus. António Costa, antigo Primeiro-Ministro de Portugal, destacou-se ao longo da sua carreira política por uma liderança firme, uma visão progressista e uma capacidade única de construir pontes. Durante os seus anos no governo português, implementou políticas que promoveram o crescimento económico sustentável, a coesão social e a inovação.

Estas conquistas não passaram despercebidas aos seus pares europeus, que agora depositam nele a confiança para guiar a Europa em tempos desafiadores. A escolha de Costa para este prestigiado cargo não poderia ser mais acertada. Com um currículo que inclui um vasto leque de responsabilidades políticas e uma profunda compreensão dos mecanismos da União Europeia, António Costa está bem posicionado para enfrentar as complexas questões que a Europa enfrenta.

Desde a recuperação económica pós-pandemia até à transição verde e digital, passando pela gestão de crises internacionais, o novo presidente do Conselho Europeu terá um papel fundamental na definição do futuro do continente.

Para Portugal, a nomeação de António Costa é motivo de enorme orgulho e esperança. Representa o reconhecimento do valor dos políticos portugueses no panorama europeu e abre novas oportunidades para o país. A liderança de Costa no Conselho Europeu poderá fortalecer a posição de Portugal nas negociações europeias, trazendo benefícios tangíveis para os portugueses.

O mandato de António Costa será marcado por desafios, mas também por oportunidades inéditas.

A sua capacidade de diálogo, a habilidade em construir e gerar consensos, e a sua determinação em promover uma Europa mais justa e solidária serão fundamentais. António Costa, tem uma enorme facilidade em gerar pontes, e isso é determinante.

Os europeus podem esperar uma liderança que combina pragmatismo com idealismo, e que coloca o bem-estar dos cidadãos no centro das decisões.

A expectativa é alta, e com razão. António Costa tem demonstrado ao longo dos anos uma capacidade ímpar de superar adversidades e de promover um desenvolvimento inclusivo e sustentável. A sua visão para a Europa é de uma união mais coesa, resiliente e preparada para os desafios globais. Em suma, a nomeação de António Costa como presidente do Conselho Europeu é uma excelente notícia para Portugal e para a Europa. Com uma experiência vasta e uma dedicação comprovada, Costa está preparado para fazer um mandato exemplar, guiando a Europa para um futuro próspero e equitativo. Este é um momento de celebração e de renovada esperança, na certeza de que António Costa continuará a honrar o seu compromisso com os valores europeus e a trabalhar incansavelmente pelo bem comum.