DESCOBRIR A CRUELDADE DO REGIME FASCISTA NO ALJUBE
O Museu do Aljube Resistência e Liberdade é uma instituição que preserva a memória da Ditadura Militar e do Estado Novo corporativo e fascista em Portugal.
Esta memória é, ao mesmo tempo, traumática, incómoda e foi muitas vezes silenciada ou apagada de forma deliberada.
Atualmente, estamos numa fase mais acelerada de recuperação dessa memória.
Para as vítimas, é uma memória traumática porque elas tiveram sempre poucos interlocutores, foram
minorias lutadoras no período fascista e enfrentaram dois adversários, o Estado fascista com os seus mecanismos de repressão e a indiferença da esmagadora maioria do povo português.
Este último, muitas vezes alheado devido à ignorância, pobreza e despolitização programada pelo regime.
Um exemplo deste "alheamento alinhado" foi a participação de mais de um milhão de portugueses na Guerra Colonial, sem questionar a sua profunda irracionalidade política, injustiça e crueldade.
Apenas a derrota iminente, fez um grupo de capitães recuar e desencadear o golpe militar de 1974.
Para os antifascistas, a indiferença generalizada do povo português (antes e hoje) é uma forma injusta de desvalorização do seu sacrifício, de não o reconhecerem como necessário e, de algum modo, de o apagarem da Memória e da História.
É impossível entrar neste museu e ficar indiferente à crueldade que ali se passou, desde o espancamento à tortura, entre tantas outras cruéis desumanidades angustiantes, culminando muitas vezes na morte. Segundo alguns testemunhos de quem viveu estas violências, brutalidades, atrocidades e desumanidades, é difícil avaliar qual o melhor, morte, ou a tortura?
Todos devem visitar o Museu do Aljube Resistência e Liberdade, especialmente os mais jovens, para entenderem melhor, o que é viver sem liberdade e num regime de repressão.
Parece que muitos, estão a tentar apagar ou branquear esta tremenda barbaridade, e isso não pode acontecer.
A democracia não é um dado adquirido, temos de lutar por ela, todos os dias.
Não posso de deixar de felicitar e dar os parabéns a todos os responsáveis pela criação deste magnífico museu. Fizeram um ilustre e notável trabalho a todos os níveis, essencialmente a bem da consciência democrática.
Tenho de destacar a pesquisa, depoimentos, arquivos, até à organização e composição do museu como um todo.
É uma grande referência cultural do nosso país, infelizmente pelas piores razões.
Quem ainda não o visitou, não perca esta magnífica oportunidade, pois além da exposição permanente, pode agora desfrutar de uma exposição sobre os 50 anos do 25 de abril.
Visitem o Museu do Aljube Resistência e Liberdade, tenho a certeza, que irão ampliar, engrandecer e reconhecer, que não existe melhor regime do que a democracia, mesmo sabendo que este não é perfeito.