Solidão é o corpo em festa e a alma vazia
É a aparência disfarçada de posse
O zumbido no ouvido e a indiferença
É o amor escondido sem metamorfose
É o engolir de lágrimas para não dar parte de fraco
Solidão é não ter nada para dizer
Nem às paredes gretadas dos anos
Não é necessariamente não ser escutado
O território da escuta é como o do capital
Não se remete ao isolamento gentio
Solidão é não possuir raízes
Não saber para onde voltar após tempestade
É não conhecer a solidariedade quando o encanto se esgota
É perder o abraço por julgamentos de humildade
José Gomes Ferreira