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7/26/2024
Vendedores de feira
Feliz Dia dos Avós
Tem dias para tudo. Alguns passam de forma indiferente, outros destacam-se por nos tocarem de perto. Entre estes últimos, recentemente tem ganho destaque a evocação aos Avós, pelo que o dia de hoje acaba por lhe ser dedicado. Talvez seja um dos poucos dias evocativos que vai para além do paralelo comercial, tem muito afecto envolvido
Os Avós não são apenas elos geracionais, alguém que quando criança sempre conhecemos como velho. São muitas vezes quem cuida dos netos no quotidiano dos pais. Pelo que são também educadores e figuras de referência nos mais diversos contextos. Não são apenas quem conta histórias e oferece presentes, são quem se esmera na arte do cuidar e amar e nos acompanha pela vida fora. O seu simbolismo é tão forte quanto a memória que temos deles.
Tenho poucas memórias dos meus avós paternos, apenas uma vaga ideia da minha avó. Ambos faleceram era eu criança. Em contrapartida, fui criado pelos meus avós maternos. O meu avó não era de sangue, a minha avó voltou a casar quando eu nasci, mas sempre cuidou de mim como neto. Como o meu pai "deu o salto" para França e a minha mãe juntou-se a ele nos meus 5 anos, fui criado pelos meus avós. Sou também filho de avós. Tudo o que sou nos princípios, no espírito de luta e abnegação, no sentimento, na sensibilidade e escolhas devo a eles. Seguiram o percurso físico da existência, são mais do que seres de luz, são a minha força e inspiração. É raro o dia em que não os tenha presentes no pensamento, se não é em lembranças é em actos.
Viver em Prosa
Talvez eu conceba a minha vida como uma narrativa, dessas
carregadas de detalhes irrelevantes e descrições obsessivas e desnecessárias.
De tal modo me impaciento com a passagem natural dos dias e suas incontornáveis
24 horas, que gostaria de poder suprimir os circunlóquios, as tramas
secundárias costuradas pelos minutos e os
intermináveis diálogos dos personagens coadjuvantes.
É insuportável viver assim, almejando pular capítulos.
Pudesse dar aos meus dias as feições circunstanciais dos poemas, autônomos,
bastantes a si mesmos! Abandonar a lógica conectiva da prosa que pressupõe
culminâncias e desfechos! Mas é impossível. Os dias são tão solidários em
causalidades e consequências...
Talvez a alternativa seja tentar a prosa-poética.
©Fernando Neto