03 julho 2024

Areias movediças

O povo já foi gigante

Já usou o coração e a empatia 

Não havia rótulos ou classificações 

A polarização que arrasta para as tragédias da história

O povo foi belo e sedutor 

Moveu-se pela liberdade

Escolheu os princípios básicos da Civilização

É certo que nem sempre esteve bem representado

Mas o povo já trouxe esperança

Não colocava o poder à frente de tudo

Não era a avidez do lucro que marchava nas ruas

Nem a rejeição do outro fragilizado 

O povo vê-se agora sem rumo

Movido pela desinformação e cólera 

Onde iremos parar apenas de língua afiada

O povo é agora uma manta de retalhos

Falsos patriotas em fato de cerimónia 

Discursos de salvação que apontam para a guerra

Areias movediças que adivinham catástrofe 


José Gomes Ferreira 

02 julho 2024

MUSEU ARISTIDES DE SOUSA MENDES; UMA CASA DE DEVER DE MEMÓRIA EM CABANAS DE VIRIATO

 


As obras da Casa do Passal em Cabanas de Viriato seguem de vento em popa, aproximando-se rapidamente da inauguração oficial, marcada para o próximo dia 19 de julho.

Este evento representa um marco significativo não apenas para a região, mas também para a memória coletiva de Portugal e do mundo.

A Casa do Passal, transformada no Museu Aristides de Sousa Mendes, honra a vida e o legado de um homem cuja coragem e humanidade transcenderam fronteiras.

Durante a Segunda Guerra Mundial, Aristides de Sousa Mendes, então Cônsul de Portugal em Bordéus, salvou milhares de vidas ao emitir vistos que permitiram a fuga de refugiados perseguidos pelo regime totalitário.

Contra ordens diretas do governo português da época, Sousa Mendes escolheu a via da consciência, da dignidade e dos direitos humanos.

Este museu, mais do que um simples espaço expositivo, será um centro pedagógico e cultural, destinado a promover valores universais como a justiça, a solidariedade, inclusão, a coragem moral e os verdadeiros valores humanistas.

A sua inauguração será uma oportunidade única para todos os cidadãos refletirem sobre a importância de preservar e divulgar a história de figuras ímpares como Aristides de Sousa Mendes.

A relevância do Museu para a freguesia de Cabanas de Viriato, para o concelho de Carregal do Sal, para o distrito de Viseu e para o país, não pode ser subestimada.

Este espaço atrairá visitantes nacionais e internacionais, fomentando o turismo cultural e contribuindo para o desenvolvimento económico local. Além disso, servirá como um ponto de encontro para investigadores, estudantes e todos os interessados em aprofundar o conhecimento sobre os dramáticos episódios da Segunda Guerra Mundial e o papel crucial que Portugal desempenhou na rota de fuga de milhares de refugiados.

Não podemos deixar de expressar o nosso profundo agradecimento ao apoio incansável da autarquia local, do Agrupamento de Escolas de Carregal do Sal – reconhecido como Escola UNESCO – do Projeto Dever de Memória, da Fundação Aristides de Sousa Mendes, do Ministério da Cultura e de todos os parceiros e voluntários envolvidos nesta nobre causa.

Sem a vossa dedicação e empenho, a concretização deste sonho seria impossível.

O Museu Aristides de Sousa Mendes será, sem dúvida, uma mais-valia para todos.

Um espaço onde as futuras gerações aprenderão sobre a importância do dever de memória, sobre a necessidade de defender os direitos humanos e sobre o valor da coragem individual na construção de um mundo mais justo e humano.

Aguardamos com expectativa a inauguração deste símbolo de memória e inspiração, certos de que a Casa do Passal continuará a ser um farol de esperança e um exemplo eterno de coragem e audácia.

Juntos, faremos do Museu Aristides de Sousa Mendes uma referência mundial, perpetuando a história de um homem que, em tempos sombrios, escolheu ser uma luz.

João Manuel

Rabo entre as pernas

Como que amiúde

Pensamos por lote

A esconder cada virtude

A adiar processos a magote


Não adianta disfarçar 

O que se acha sucesso

Temos motivo para rejeitar

A civilização enganada com o progresso 


Não adianta morrer

Em guerras que não pedimos

Levamos o pobre para sofrer

E com a fé o iludimos


Andamos com o dinheiro à solta

E com o rabo entre as pernas

Escondemos muita revolta

Disfarçamos as injustiças eternas


José Gomes Ferreira

01 julho 2024

Luz nas trevas

Sobre a luz também me questiono

Quando a expressão se acaba

E porque demora o socorro

Da fé que julgam acreditar

Das sobras de Deus no desespero 

A forma como cada um se conforma 

E tece as ilusões que dão força 

Mesmo sem divindades e preces impossíveis 

Sobre o conforto da alma não ficamos indiferentes

Criamos mitos, fábulas e uma moral superior 

Parece que tudo remete para ordem e salvação 

A ordem do universo na sua indeterminada dimensão 

A salvação como redenção do pecado 

O inferno como possibilidade de tudo ser pior sem sacrifício e abnegação 

Palavras de uma civilização dividida

A luz nas trevas como narrativa de obediência 


José Gomes Ferreira

30 junho 2024

O ciclo populista

Estou mais preocupado com a futura eleição nos EUA que com a eleição francesa. As sociedades vivem de ciclos, infelizmente o ciclo que se vive é o da demagogia, do ódio e do esquecimento. Precisamos estar atentos para que não sejam uma ameaça à democracia e Humanidade. Trazem sempre a salvação e o desenvolvimento na ponta da língua, sobretudo quando são oposição, chegados ao poder fazem quase tudo igual. 

Na polarização que inventam, adoram acusar os outros de comunistas, adoram dizer mal da direita tradicional. Falam mal das políticas sociais, acham que a receita ultra-liberal resolve tudo, mas depois a prática mostra que nada acrescentam de novo, são incapazes de resolver os grandes problemas do nosso tempo. Curioso, ou não, é que se elegem na denúncia dos problemas, mas depois a solução milagrosa não existe. Aprofundam estigmas, ódios e pureza do seu grupo. 

O risco não é de chegarem ao poder, o risco é do nosso silenciamento. Mantendo-se sempre na oposição continuam a achar-se heróis, reais herdeiros de valores patriótico (ou a coisa que os pariu). Os partidos ditos tradicionais devem ver aí um alerta, que tem sido dado pela abstenção, mas totalmente ignorado. O exercício da política e a representatividade popular carece de novas dinâmicas, maior transparência e responsabilidade. 

A politicagem de barriga cheia precisa terminar, assim como o nosso consentimento. A grande questão é que esta dita extrema direita, que para mim é uma proposta anarquista, não vem trazer nada de novo, quer repartir o bolo. Usa a imigração e as minorias para repartir o bolo, não para promover o desenvolvimento e enfrentar os grandes problemas.

Fortaleza de opiniões – António Costa (presidente do CE)

 


O que pensa da eleição de António Costa como presidente do Conselho Europeu?

Fernando Cunha - Esta é uma eleição muito política. Portugal faz força para colocar os seus em altos cargos europeus pensando assim  alavancar prestígio nacional. É nisso que somos bons. Precisamos é de políticos de craveira e sensíveis ao mundo atual e seus problemas que são globais e de consequências imprevisíveis! Se vai ser um elemento agregador e mudar o rumo de uma comunidade europeia e de valores universais. Não o sei.

Milton Duarte -  eleição de António Costa, independentemente da sua família política, é um marco para Portugal.

O nosso país (o único a alcançar este feito) teve três altos representantes no seio internacional: Durão Barroso como Presidente da Comissão Europeia, António Guterres como Secretário Geral da ONU e agora António Costa como Presidente do Conselho Europeu, o que demonstra bem a nossa capacidade de ter bons políticos.

Respondendo à sua questão e falando aqui apenas de António Costa, este é um político com uma enorme visão, experiência e de provas dadas do seu trabalho. Foi um excelente primeiro ministro e esta sua eleição é o reconhecimento disso mesmo.

Naturalmente, que ser Presidente do Conselho Europeu não é o mesmo que ser Primeiro Ministro, o desafio é bastante maior, é necessário saber dialogar com cada chefe de governo dos 27 estados membros, mas António Costa sabe muito bem fazê-lo e estando bastante à vontade para estas suas novas funções.

Estou certo que fará um excelente mandato.

ESTADO NOVO

 


Durante o Estado Novo, competia ao Governo autorizar que se se atendesse o público em mangas de camisa.

Foi o que aconteceu, por exemplo, aos empregados de balcão da Mexicana, em Lisboa, conforme relata o "Diário Popular" de 04 de Julho de 1968.

Reza assim esta fotografia:

Os empregados de balcão da pastelaria "Mexicana", na avenida Guerra Junqueiro, foram autorizados, por decisão do Ministério das Corporações, a trabalhar, a partir de hoje, em mangas de camisa. Por que não? Nesta época de calor intenso servir (encalorado) uma "bica" ou (em estado de "derretimento") um refrigerante, é desagradável à vista, pouco higiénico e péssimo para o empregado. Os que trabalham na "Mexicana" (como se pode ver na gravura) fazem-no, agora, com muito mais alegria - e menos calor.