7/19/2024

Rasgar a escrita

O impulso para a escrita vem da experiência com a enxada na mão

Na época lia jornais ardidos pela luz

Comprava livros de clube de leitura

Frequentava todas as bibliotecas acessíveis

Incluindo os lameiros, os olivais e as vinhas

Incluindo a lareira e a soleira da porta

Em todos esses lugares aprendi a ler, escutar e observar 

Aprendi a escrever para rapidamente responder às cartas dos meus pais

Moravam em França e mandavam as boas novas

Entre uma e outra carta acertei as palavras para a resposta 


José Gomes Ferreira 

A MAGIA DAS ESTAÇÕES: UM CONVITE À REDESCOBERTA DA NATUREZA



Em cada recanto do nosso querido Portugal, as estações do ano surgem como capítulos de um livro encantado, cada um com a sua própria narrativa e encanto.

A Primavera chega como uma explosão de cores e vida, renovando esperanças e sonhos. O Verão, com os seus dias longos e quentes, convida-nos a explorar as praias douradas e as serras frescas.

O Outono, com o seu conjunto de cores quentes e a brisa suave, traz consigo uma sensação de nostalgia e reflexão.

E o Inverno, embora frio, oferece o aconchego das lareiras e a promessa de um novo começo.

Mas será que ainda conseguimos sentir verdadeiramente estas mudanças? Ou estamos tão absorvidos pelo ritmo frenético das nossas vidas que já não damos valor a este espetáculo natural e espontâneo?

A Natureza, em toda a sua majestade, é a nossa maior professora. Ensina-nos sobre resiliência, adaptabilidade e a beleza da mudança.

As árvores que perdem as folhas no Outono, apenas para renascerem na Primavera, mostram-nos que há sempre um recomeço, mesmo após as fases mais difíceis.

Os rios que seguem o seu curso, independentemente dos obstáculos, inspiram-nos a seguir em frente, mesmo quando o caminho parece intransponível.

Num mundo cada vez mais digital e desconectado da realidade natural, é essencial reconectar-nos com a Terra.

Esta reconexão não é apenas uma questão de preservação ambiental; é uma necessidade espiritual e emocional.

Caminhar por um bosque, sentir o cheiro da terra molhada, ouvir o canto dos pássaros ao amanhecer, tudo isso lembram-nos que fazemos parte de algo maior e mais antigo do que qualquer tecnologia.

Educarmos as futuras gerações sobre a importância de proteger e valorizar o ambiente não é apenas um dever, mas um ato de amor.

Um amor que se reflete na forma como cuidamos do planeta, garantindo que as próximas gerações possam também desfrutar da sua beleza e riqueza.

Imaginemos um mundo onde cada criança tem a oportunidade de plantar uma árvore e vê-la crescer, onde cada família faz um piquenique à sombra de um carvalho centenário, onde as cidades são verdes e os rios limpos.

Este não é apenas um sonho; é uma possibilidade, desde que tomemos ações concretas e conscientes.

Por esta razão, convido-vos a sair de casa, a explorar os trilhos e montes, a abraçar a Natureza. Porque, no final, é ela que nos ensina as lições mais valiosas; a de que a vida é um ciclo, cheio de altos e baixos, mas sempre repleto de beleza e esperança.

E é nosso dever, enquanto seres racionais e emocionais, proteger esta preciosidade para nós e para aqueles que virão depois de nós.

Fiquem bem, bons passeios...

João Manuel 

INAUGURAÇÃO DO MUSEU ARISTIDES DE SOUSA MENDES: UMA CELEBRAÇÃO DE HEROÍSMO E MEMÓRIA

 


19 de Julho de 2024: Um Dia de Homenagem e Reflexão

A história é composta por atos de coragem e humanidade que, muitas vezes, mudam o percurso de vidas e nações.

O 19 de julho de 2024 marca um momento especial para Portugal e o mundo, com a inauguração do Museu Aristides de Sousa Mendes, em Cabanas de Viriato.

Este dia, que coincide com o 139º aniversário de nascimento de Aristides de Sousa Mendes, é dedicado a celebrar a vida e o legado de um dos maiores heróis humanitários do século XX.

ARISTIDES DE SOUSA MENDES: O CÔNSUL DE CONSCIÊNCIA

Durante a Segunda Guerra Mundial, Aristides de Sousa Mendes, então cônsul de Portugal em Bordéus, França, desafiou ordens do regime ditatorial de Salazar para conceder vistos a milhares de judeus e outras pessoas perseguidas pelo regime nazi.

Este ato de desobediência civil salvou cerca de 30.000 vidas, um feito que lhe valeu, posteriormente, o reconhecimento como Justo entre as Nações pelo Yad Vashem, o Memorial do Holocausto em Israel.

PROGRAMA DE INAUGURAÇÃO: HONRANDO O PASSADO E INSPIRANDO O FUTURO

A cerimónia de inauguração promete ser um evento carregado de significado, com um programa meticulosamente preparado para homenagear Sousa Mendes e educar as gerações futuras sobre a importância da coragem moral e da empatia.

O evento inicia-se às 10h00 com a transferência dos convidados de Carregal do Sal para Cabanas de Viriato.

Às 11h00, a receção dos convidados no jardim da Casa do Passal dá o tom acolhedor e solene ao dia.

Às 12h00, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, será recebido para o descerramento de uma placa comemorativa e uma visita oficial ao museu, acompanhado por Cláudia Ninhos, curadora científica da exposição, e os arquitetos do projeto.

UMA JORNADA DE RECONHECIMENTO E GRATIDÃO

Às 12h45, ocorrerá a entrega de medalhas, selos e pratos comemorativos pelos Correios de Portugal (CTT) e Vista Alegre, uma homenagem simbólica à memória do cônsul.

Segue-se, às 13h00, a cerimónia oficial de inauguração, com discursos de figuras relevantes, incluindo Paulo Catalino, Presidente da Câmara Municipal de Carregal do Sal, e uma mensagem gravada de António Guterres, Secretário-Geral da ONU.

O evento contará ainda com um momento musical pelo Quarteto de Cordas da Orquestra Clássica do Centro, celebrando a união entre arte e memória.

UM LEGADO IMORTAL

A partir das 15h00, os convidados poderão participar em visitas guiadas ao museu, explorando a exposição que ilustra a vida e os feitos de Aristides de Sousa Mendes.

Este museu não é apenas um espaço de memória, mas um farol de valores éticos e humanitários, lembrando-nos da importância de agir com compaixão e coragem diante das injustiças.

UM CONVITE À REFLEXÃO E AÇÃO

O Museu Aristides de Sousa Mendes é um tributo à coragem de um homem que, em tempos de escuridão, escolheu a luz da humanidade.

Este novo espaço é um convite para todos nós e um apontamento relevante, que mesmo em face da adversidade, cada um de nós tem o poder de fazer a diferença.

Finalmente, dia 20, pelas 15 horas, a Câmara Municipal de Carregal do Sal, tem a honra de convidar todos os cidadãos a juntar-se a este magnífico e notável evento, em Cabanas de Viriato para celebrar e refletir sobre o legado de Aristides de Sousa Mendes.

Que o seu exemplo nos inspire a cultivar a empatia, a coragem e a ação moral nas nossas vidas diárias.

Juntos, honramos a memória de Aristides de Sousa Mendes e afirmamos o nosso compromisso com um mundo mais justo e humano.

Fiquem bem, uma Santa e Feliz tarde a todos/as!

 

João Manuel

Pedro S. Ramos mostra-nos Canas de Senhorim à noite (parte 3)

 







Catarina Fonseca nas "Onda da Poesia"

 


Um guardanapo branco na mesa da esplanada

Um prato de barro e um copo vazio.

Vinho sim, para quem aprecia.

Sem o calor que se esvai nos fins de dia,

o azul-céu é rosa pálido entre o cantar dos pássaros.

Eu, dormia ainda,

mesmo já de pé e olhos quase abertos.

Quase prosa,

quase verso,

na perdida rima,

dormia ainda.

Espreito, insegura

o calor nas pernas na manhã de verão

pensando não chegar tarde à primavera.

E eu, quem era?

Quase quadra

Quase solta.

Para as flores do caminho, guardo memória e,por cautela,escrevo poesia,

mas só para quem aprecia.

Um guardanapo branco,

uma esplanada .

Um prato de barro.

Para quem aprecia.

Catarina Fonseca

Julho 2024, 17

A RELEVÂNCIA DA REELEIÇÃO DE ÚRSULA VON DER LEYEN: UM MARCO DECISIVO PARA A EUROPA

 


A reeleição de Úrsula von der Leyen para a presidência da Comissão Europeia.

Este cargo, de extrema importância, não só influencia a trajetória política da União Europeia (UE) como também tem repercussões globais. Mas por que razão esta eleição é tão significativa? Vamos explorar.

O PAPEL FUNDAMENTAL DA PRESIDÊNCIA DA COMISSÃO EUROPEIA

A Comissão Europeia, com sede em Bruxelas, é o órgão executivo da UE. O seu presidente desempenha um papel vital na definição e implementação das políticas que afetam os 27 Estados-membros.

Este cargo não só supervisiona a aplicação das leis da UE como também propõe novas legislações, gere o orçamento europeu e representa a UE nas relações internacionais.

ÚRSULA VON DER LEYEN: UMA LIDERANÇA DE TRANSFORMAÇÃO

Desde que assumiu o cargo em 2019, Úrsula von der Leyen tem sido uma figura central na promoção de importantes iniciativas, tais como:

PACTO ECOLÓGICO EUROPEU (Green Deal):

Um ambicioso plano para tornar a Europa o primeiro continente neutro em carbono até 2050.

RESPOSTA À PANDEMIA DE COVID-19:

Coordenação da resposta europeia à crise sanitária e económica, incluindo a negociação de contratos de vacinas.

TRANSFORMAÇÃO DIGITAL:

Promoção da digitalização como motor de crescimento e inovação, garantindo simultaneamente a proteção de dados e a cibersegurança.

POLÍTICA DE ASILO E MIGRAÇÃO:

Reformulação das políticas migratórias para garantir uma abordagem mais justa e humanitária.

O IMPACTO DA REELEIÇÃO

Se reeleita, von der Leyen terá a oportunidade de consolidar e expandir estas iniciativas, assegurando a continuidade e a estabilidade no percurso da UE.

A sua liderança será crucial para enfrentar desafios como as mudanças climáticas, as tensões geopolíticas e as desigualdades económicas e sociais.

A IMPORTÂNCIA DA PARTICIPAÇÃO CÍVICA

Compreender a importância desta eleição é essencial para todos os cidadãos europeus. Uma liderança forte e visionária na Comissão Europeia pode melhorar significativamente a qualidade de vida, promover a justiça social e proteger o meio ambiente.

Portanto, a atenção e o envolvimento cívico não são apenas desejáveis, mas necessários.

CONCLUSÃO

Hoje, a eleição de Úrsula von der Leyen é mais do que uma simples escolha de um líder; é uma decisão que pode definir o futuro de um continente inteiro.

A importância deste cargo na promoção de políticas progressistas e na defesa dos valores europeus não pode ser subestimada.

É um momento de reflexão e esperança, onde cada cidadão deve sentir-se parte ativa deste processo transformador.

Que a Europa continue a avançar com determinação e visão, guiada por líderes que estejam à altura dos desafios e das oportunidades do nosso tempo.

Fiquem bem, um Santo e Feliz dia a todos/as!

João Manuel Magalhães Rodrigues Fernandes

Todos a banhos

Os portugueses vão a banhos e largam tudo. Alguns precisam mesmo de ir dar banho ao cão. Durante o ano adoram animais de companhia, mas quando vão de férias esquecem-se de levar toda a família. É impressionante o tratamento dado aos animais, chamam-lhe filhos e filhas, com personificando entes humanos. Nas décadas anteriores os comentários apontavam para a centralidade das crianças nas famílias, quase transformadas em bibelot. Atualmente é essa humanização animal. Fica por saber se a mesma se repercute igualmente nas relações interpessoais, digo isto pelo facto da mesma leitura vir sempre acompanhada de narrativas quanto ao serem "mais humanos que os humanos", referindo-se à fidelidade e ao apego pelos seus donos. 

Voltando à ida a banhos, dar banho ao cão é também uma metáfora à forma indiferente como encaram a vida pública, que entra em recesso no Verão, mas um recesso de um alheamento que em muitas vezes é total o ano inteiro. Claro que os portugueses têm direito a férias. Mas seria tão bom conhecerem o país para além do esturricar nas praias ou dos baldes de cerveja. Agosto é também o mês preferencial para o eclodir de conflitos familiares, são os incêndios das gerações. As idas à terra são uma marca da nossa identidade, nem tudo é praia. Falta talvez uma dedicação anual ao território e à geografia da cultura e dos afectos.

O desligamento não estival é recuperado, mas as ondas festivaleiras afastam os jovens para outras paragens. Nas vilas e aldeias florescem festas que garantem o ganha pão a artistas de TV. Esquecemos a ida à fonte e de pagar uns copos na taberna, não falhamos as feiras agrícolas e industriais recheadas de palcos sofríveis. Sinto saudades dos bailes nas noites de Verão. Não dançava, mas o conjunto de cores das lâmpadas combinava com o gosto musical e com os reencontros.

O Verão é agora imagem. O abandono dos cães não passa na actualização do Instagram ou Facebook. Não gera vergonha ou inveja. É a exuberância dos lugares e da comida que é exposta. As férias deixaram de servir de narrativa fecunda contada um mês depois. Têm transmissões em directo e passagens assíncronas, mas sem tempo a perder. Viajamos para marcar o momento e o histórico, para roer de inveja o que não temos para comer.