A expressão teve origem no “amuleto dos três vinténs” uma pequena moedinha de prata que era pendurada no pescoço das meninas até ao seu casamento. Então, a mulher casada entregava a moeda furada ao seu marido e dizia-se que ele lhe tinha “‘tirado os três vinténs”. Pela primeira vez, em Portugal, no reinado de D. Pedro II, cunhou-se a moeda de prata, dos três vinténs. E foi sendo cunhada até ao fim do reinado de D. Miguel que terminou em 1834 pela convenção de Évora-Monte. Nos reinados seguintes desapareceu, embora continuassem em circulação as anteriormente cunhadas.
Esta moeda de prata tem para os estudiosos de antropologia
cultural, um encanto especial. É que ela anda ligada a uma tradição, com
significado bem especifico que todos conhecemos: aquela já não tem os três
vinténs ou já lhe tiraram os três vinténs.
Mas a história conta que antigamente as mães ofertavam às
filhas, às vezes até no dia do nascimento, uma moedinha de prata, de três
vinténs (ou seja de 60 réis) a que faziam um furinho por onde passava, um fio
que permitia pendurá-la ao pescoço da menina. Funcionava como amuleto para
salvaguardar a pureza e a virgindade daquela jovem que durante toda a sua vida
a usava com orgulho.
Só com o casamento ela entregava a moedinha ao marido, ou
este, orgulhoso, lha tirava do pescoço para a guardar religiosamente. Só então
a sociedade podia afirmar com verdade que ela já não tinha os três vinténs,
porque o marido lhos tirou. Estava pois casada, não era mais uma menina virgem.
Alguns rapazes mais atrevidos quando se aproximavam delas começavam por
procurar no pescoço a famosa moedinha e, quando não a encontravam pronunciavam
descontentes, “já não tem os três vinténs” ou então, “já lhe tiraram os três”.
Tinha chegado tarde, ela já tinha dono. Num passado ainda recente, quando a
virgindade feminina era um atributo quase indispensável para o casamento, era
vulgar a expressão que fazia equivaler a existência da ainda virgindade à
expressão “Ter os três vinténs” ou, não.
Autor Carlos Casimiro (Mundo Português)