6/12/2024

Sabe de onde vem a expressão “perder os 3 vinténs”?

 


A expressão teve origem no “amuleto dos três vinténs” uma pequena moedinha de prata que era pendurada no pescoço das meninas até ao seu casamento. Então, a mulher casada entregava a moeda furada ao seu marido e dizia-se que ele lhe tinha “‘tirado os três vinténs”. Pela primeira vez, em Portugal, no reinado de D. Pedro II, cunhou-se a moeda de prata, dos três vinténs. E foi sendo cunhada até ao fim do reinado de D. Miguel que terminou em 1834 pela convenção de Évora-Monte. Nos reinados seguintes desapareceu, embora continuassem em circulação as anteriormente cunhadas.

Esta moeda de prata tem para os estudiosos de antropologia cultural, um encanto especial. É que ela anda ligada a uma tradição, com significado bem especifico que todos conhecemos: aquela já não tem os três vinténs ou já lhe tiraram os três vinténs.

Mas a história conta que antigamente as mães ofertavam às filhas, às vezes até no dia do nascimento, uma moedinha de prata, de três vinténs (ou seja de 60 réis) a que faziam um furinho por onde passava, um fio que permitia pendurá-la ao pescoço da menina. Funcionava como amuleto para salvaguardar a pureza e a virgindade daquela jovem que durante toda a sua vida a usava com orgulho.

Só com o casamento ela entregava a moedinha ao marido, ou este, orgulhoso, lha tirava do pescoço para a guardar religiosamente. Só então a sociedade podia afirmar com verdade que ela já não tinha os três vinténs, porque o marido lhos tirou. Estava pois casada, não era mais uma menina virgem. Alguns rapazes mais atrevidos quando se aproximavam delas começavam por procurar no pescoço a famosa moedinha e, quando não a encontravam pronunciavam descontentes, “já não tem os três vinténs” ou então, “já lhe tiraram os três”. Tinha chegado tarde, ela já tinha dono. Num passado ainda recente, quando a virgindade feminina era um atributo quase indispensável para o casamento, era vulgar a expressão que fazia equivaler a existência da ainda virgindade à expressão “Ter os três vinténs” ou, não.

 

Autor Carlos Casimiro (Mundo Português)


JAIME NEVES E RAMALHO EANES HERÓIS DA LIBERDADE ESQUECIDA

No contexto da Assembleia da República, a discussão sobre a comemoração do 25 de novembro é tanto pertinente quanto necessária, contudo, entendo que temos matérias e temáticas mais prementes e relevantes para a vida dos portugueses, neste momento.

No meu entender, este tema não deveria ser uma prioridade da agenda política.

Mas vamos diretamente ao assunto, a importância desta data no panorama histórico e político de Portugal não deve ser subestimada.

O 25 de novembro de 1975 marca um momento crucial na consolidação da democracia em Portugal, um ponto de viragem que travou a possibilidade de uma ditadura de esquerda após a Revolução dos Cravos.

O 25 de abril de 1974 é justamente celebrado pela sua libertação da opressão e tirania da ditadura de extrema-direita que governou o país durante décadas.

No entanto, o período pós-revolucionário foi marcado por uma tensão crescente entre várias fações políticas, com o risco iminente de se cair numa nova forma de autoritarismo, desta vez de extrema-esquerda.

Figuras como Jaime Neves e Ramalho Eanes foram centrais neste processo. Jaime Neves, comandante do Regimento dos Comandos na Amadora, e Ramalho Eanes, que mais tarde se tornaria Presidente da República, desempenharam papéis fundamentais na estabilização do país.

A "direita militar", sob a sua liderança, preparou um contra-golpe decisivo contra as tentativas de Otelo Saraiva de Carvalho e do COPCON (Comando Operacional do Continente) de direcionar o país para um regime de inspiração marxista.

Otelo Saraiva de Carvalho, sentindo o poder escapar-se-lhe, distribuiu armas aos grupos esquerdistas, num gesto que poderia ter mergulhado o país numa guerra civil.

A intervenção de Neves e Eanes foi, assim, vital para garantir que Portugal não se desviasse do caminho democrático.

Comemorar o 25 de novembro não é apenas recordar um evento histórico; é celebrar a vitória da democracia sobre qualquer forma de ditadura, independentemente do seu espectro político. Assim como o 25 de abril simboliza a libertação do autoritarismo de direita, o 25 de novembro deve ser visto como o baluarte contra a ameaça de uma ditadura de esquerda.


Portanto, deve-se comemorar o 25 de novembro com a mesma pompa e circunstância com que se celebra o 25 de abril. É um reconhecimento necessário aos esforços daqueles que, com coragem e determinação, asseguraram que a liberdade e a democracia fossem os pilares fundadores do Portugal contemporâneo.

É uma homenagem justa a figuras como Jaime Neves e Ramalho Eanes, cujas ações garantiram que a esperança de um país democrático e pluralista se mantivesse viva.

A celebração do 25 de novembro é, em última análise, uma celebração da nossa democracia, dos nossos valores e da nossa história comum. É um tributo à resiliência do povo português na sua procura ininterrupta pela liberdade e justiça.