Não tememos o clichê de um clássico: «o essencial é invisível aos olhos». A frase é de Antoine de Saint-Exupéry no seu sábio «O Principezinho». E lembramo-la porque na semana passada fizemos mais uma residência artística para a criação do nosso espectáculo Mapa do Património Humano Invisível, que abreviamos para MAPHI, e na nessa viagem inconstante que fizemos, movediça como uma busca como esta pode e deve ser, andámos à procura do que não se vê, do que não está não para, do que não sabemos que procuramos, sequer, do que não será necessariamente o essencial, mas estará nos seus arredores.
Antes de explicarmos o livro desta imagem, uma história em
forma de apelo, quase irónica, quase poética, talvez totalmente irónica,
possivelmente poética. Temos procurado desesperadamente e sem qualquer sucesso
o livro "Como ver coisas invisíveis", da Isabel Minhós Martins, com
ilustrações da Madalena Matoso, editado pela Planeta Tangerina. Vimo-lo na
Feira do Livro do Porto, inteiro, vísivel, mas não chegámos a tempo de deitar-lhe
as mãos. Agora, procuramo-lo esperançosos de que volte a tornar-se - isso mesmo - visível. Se
souberem dele, agarrem-no como quem o vê. E digam-nos que vamos atrás de vocês.
Quanto ao livro no chão, cortesia da Ana Madureira e do
Vahan Kerovpyan, que sabiam depois de ver o Diário de uma República II que
andávamos à procura do que não se vê naquilo para que estamos a olhar. Mais
ainda neste MAPHI, em que vamos mais longe porque viajamos, sobretudo, nas
nossas cabeças. A residência artística é permanente quando procuramos ver o que
está para além do óbvio. Visível. Palpável. E essencial é continuarmos a
procurar. Curiosos, inquietos, na dúvida.
O início do processo de uma criação passa por este lugar: de
voltarmos a ser crianças, espantados com a possibilidade do mundo. A ver
dinossauros, dragões e princesas em Nelas.
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