5/31/2024

A raposa que guarda galinhas

As religiões, o extremismo político e o consumo supérfluo 

Assim se responde à crise do individualismo 

Quando não com mais álcool, ódio e droga

É certo que os problemas estruturais dependem das políticas públicas 

Mas não podemos resolver crises interiores apenas com oração e com uma ida ao cabeleireiro

A fé reassume a esperança, mas espera a nossa reacção 

Cuidar do corpo eleva a auto-estima, só falta disputar o prolongamento

A atual crise não é somente económica e ambiental 

É uma crise do ser, da moral, das virtudes e das interações

É também uma crise existencial sem precedentes

A dispersão das igrejas e a sua viragem para o lucro não é isenta

Precisamos sentir a repercussão da espiritualidade da natureza 

Como também da sociedade no espírito da troca

Necessitamos da poesia nos dias fantasmas

Esperar respostas fora de nós é deixar a raposa guardar as galinhas

A poesia e a contemplação são o sublimar da paz e dos aromas

O abraço que toca a penitência do universo 


José Gomes Ferreira

REFLEXÕES DIÁRIAS

 A TRANSPARÊNCIA EM XEQUE; OS FUNDOS SOMBRIOS DOS PARTIDOS




Três quartos do dinheiro dado aos partidos na Europa provêm de fontes muitas vezes pouco claras, e Portugal não é exceção. 

A extrema-direita tem absorvido a maior fatia destes fundos, mas não é apenas a direita radical que cresce.Também a extrema-esquerda, nomeadamente o BE e o PCP, tem visto um aumento nos seus financiamentos. 

Qual maior problema destes financiamentos? A origem destes financiamentos permanece em mistério, sem pegadas visíveis, levantando sérias dúvidas sobre a sua legitimidade.

Afinal, não vale a pena atirar pedras uns aos outros quando todos têm telhados de vidro nesta matéria. 

A falta de transparência nos financiamentos mancha a imagem dos políticos, partidos e da própria democracia. 

Este cenário é altamente prejudicial para a política, criando um ambiente de suspeição e incerteza. Sem clareza na origem dos fundos, como podemos garantir a integridade e dignidade do sistema político?

É essencial que se exijam regras mais rigorosas e transparência absoluta no financiamento partidário. 

Apenas assim poderemos restaurar a confiança dos cidadãos na política e assegurar um futuro mais íntegro e justo para a nossa democracia.

REFLEXÕES DIÁRIAS




A NEUTRALIDADE PRESIDENCIAL EM XEQUE; MARCELO E A PRESSÃO POLÍTICA NO ORÇAMENTO 

Não faltará muito para o debate orçamental, a figura do Presidente da República deveria ser um farol de imparcialidade, garantindo que os diversos órgãos de poder funcionem harmoniosamente. Contudo, a recente alegação de pressão de Marcelo Rebelo de Sousa sobre os partidos em relação ao Orçamento levanta uma questão fundamental até que ponto deve um Presidente intervir na política partidária?
A preocupação de Marcelo é legítima; afinal, o Orçamento é a coluna vertebral das políticas públicas que afetarão milhões de portugueses. Mas a forma como essa preocupação se manifesta pode suscitar controvérsias, e pior, comprometer a imagem de neutralidade que se espera de um Chefe de Estado.
Quando o Presidente envolve-se de maneira ostensiva, corre o risco de ser entendido como um aliado do governo, o que pode ser explorado pela oposição para colá-lo a uma agenda política específica. 
E todos sabemos que a cor política de Marcelo não é segredo. Contudo, a sua função exige um delicado equilíbrio entre a preocupação legítima e a intervenção política.
O papel do Presidente, é antes de mais, ser um mediador, um facilitador do diálogo e um garante da estabilidade institucional. 
As pressões sobre os partidos, ainda que bem-intencionadas, podem ser vistas como uma quebra dessa imparcialidade, fornecendo pretextos para interpretações diversas e alimentando a desconfiança pública.
Por isso, Marcelo deve evitar entrar em polémicas deste tipo. 
A imparcialidade presidencial não é apenas um ideal; é uma necessidade prática para que os diversos órgãos funcionem da melhor maneira possível. 
Ao se manter neutro, o Presidente não só fortalece a sua posição institucional, como também contribui para um ambiente político mais saudável e transparente.
Em suma, enquanto a preocupação de Marcelo com o Orçamento é compreensível, o caminho para a verdadeira liderança reside na moderação e na defesa intransigente da imparcialidade presidencial. 
Apenas assim poderá assegurar que a sua influência seja vista como um bastião de estabilidade, e não como uma ferramenta de pressão política e instabilidade.