8/12/2024

Pérolas de Sabedoria


Temos de agradecer à vida as possibilidades que nos dá de recomeçar.

Um coração amadurecido sabe que a vida não se consuma em campos necessariamente alternativos (ou isto, ou aquilo), mas espera de nós a capacidade de desenhar complementaridades. É na noite que a aurora começa. Não raro, os risos mais inesquecíveis chegam acompanhados de abundantes lágrimas. E, com a perceção dos nossos limites, aprendemos a conhecer não apenas a impotência, mas também possibilidades que não víamos. Avizinhamo-nos melhor daquilo que somos.

O poeta Miguel Torga contava assim como chegou à escolha do seu pseudónimo: “Torga é uma planta transmontana, urze campestre, cor de vinho, com as raízes muito agarradas e duras, metidas entre as rochas. Assim como eu sou duro e tenho raízes em rochas duras.”

Sempre que recomeçamos, a vida nos toca com maior intensidade.

D. José Tolentino Mendonça

PEPE: O GUERREIRO QUE FEZ DE PORTUGAL A SUA PÁTRIA DE OURO

 


Chegar a um novo país com apenas cinco euros no bolso pode parecer o começo de uma história impossível.

Mas para Pepe, essa foi a primeira página de uma lenda escrita com suor, lágrimas e uma determinação inquebrável.

A decisão de usar seu último dinheiro para tranquilizar a sua mãe, ao invés de comprar comida, define o espírito de um jovem que, desde o início, priorizou o amor e a responsabilidade.

Quando o jovem central pediu ajuda no aeroporto Humberto Delgado em Lisboa, enquanto fazia escala para a Madeira, um gesto simples, porém generoso, mudou para sempre a trajetória da sua vida.

A partir daquele momento, Pepe não encontrou apenas um lugar para jogar futebol, mas sim uma nova casa. Portugal, com a sua hospitalidade e generosidade, conquistou o coração de Pepe, e ele, em troca, deu ao país tudo o que tinha: o seu talento, a sua paixão, e o seu coração.

Pepe encontrou no Marítimo o terreno fértil para crescer e florescer. Depois de uma breve passagem pelo Sporting, onde foi injustamente dispensado por Boloni, Pepe voltou ao Marítimo mais uma época.

Mas foi no FC Porto que ele se tornou um verdadeiro símbolo de força e resiliência, ajudando a erguer troféus e a conquistar os corações dos adeptos.

O seu espírito combativo, aliado a uma técnica impressionante, fez dele um dos melhores centrais da história do futebol mundial.

No entanto, foi na Seleção Portuguesa que Pepe selou o seu destino como um verdadeiro filho de Portugal.

Cada jogo, cada disputa, era uma batalha onde ele deixava a alma em campo, defendendo as cores da bandeira lusa com uma paixão que poucos poderiam igualar.

A sua liderança, em momentos críticos, foi decisiva para conquistas históricas, como o Euro 2016 e a Liga das Nações.

Agora, aos 41 anos, ao despedir-se dos relvados, Pepe deixa um legado que transcende o futebol. Ele é o exemplo de que a nacionalidade não está apenas no lugar onde nascemos, mas no amor e na lealdade que dedicamos a um país.

Pepe é mais português do que muitos, porque escolheu ser. E Portugal, por sua vez, escolheu amá-lo como um dos seus.                                  

Obrigado, Pepe, por cada carrinho, cada corte, cada grito de vitória. Obrigado por teres feito do nosso país a tua pátria de ouro, por teres dado tudo o que tinhas a dar, e por teres mostrado ao mundo o que significa ser um verdadeiro guerreiro.

O teu nome estará para sempre gravado nos anais da história, não só como um grande atleta, mas como um ser humano extraordinário.

Pepe, um gigante do futebol e um coração português, para sempre.

João Manuel

Catarina Fonseca nas "Onda da Poesia" - Transparece

 


Sublinha-te, muda o traço ou a cor, mas não te inclines demasiado. No mínimo, é uma questão de estilo.

Há dias ( contando também as horas em que os dias se chamam noite) em que precisamos de acrescentar algo. No mínimo, transparência, e quando falo de transparência não me refiro a comandos, teclas ou botões. Falo do papel e do difícil que é, também à noite escrever em papel transparente. Vegetal.

 É noite e na noite todos se adormecem, em modos resistentes, pouco transparentes.

 Eu estou descalça. A esta hora revejo-me nas solas dos pés vincadas por dias que poderiam ter sido de outras formas e relevos.

Mas não há decreto nem lei que eu conheça que se pronuncie sobre este e outros temas.

Por precaução continuarei algumas horas descalça.

Não vou virar a página.

Uma sombra branca fará  luzir o cinzento irregular do lápis numa outra folha.

Insisto.

Não mudo de página.

O lápis falha. A caneta? Impossível.

Insisto: transparência.

Imagino-me sorridente estampada (e espantada, claro) num quadro da parede da sala. Faço sala aos vizinhos, aos que entram , aos que ficam e aos que se arrependem.

A tinta segue, tortuosa o seu caminho.

Café? Não, obrigada. Foi o que me respondi. Tinta.

Às vezes (xx) durmo. Viro-me e sem grande esforço durmo mais uma vez. Mas a noite continua a mesma e o dia, por vezes, também.

E repito: não é a esta hora que vou correr o risco de torcer o tornozelo. Decidi, vou continuar assim, descalça.

Errei a página.

Regresso.

A troca de tinta na escrita poderá ter sido uma ilusória sucessão de tons. O texto persegue as linhas, as páginas, as horas.

É por isso que às vezes nada parece servir para o que parece ter sido feito.

A mim, por exemplo, não me serve a roupa.

A roupa....ai, a roupa.

Essa e as outras esperam ao lado da tábua na esperança que um pensamento se transforme em algo bem mais necessário.

Eu....por falar em transparência.....há dias em que me sinto raiz.

Poderia sentir-me árvore, mas teria que especificar e seria já outra coisa bem diferente da que poderia ser.

Há dias destes em que palavras, acentos e palavras não se conjugam do modo que vou julgando mais perfeito.

Vou descalça?

É agosto, e o mais transparente será queimar a sola dos pés no alcatrão que nos leva quase a todo o lado.

Mais transparente?

Depois de agosto, se bem me lembro, é setembro.

E setembro ( transparente?)......redundante.

No mínimo, uma questão de estilo.

Catarina Fonseca 1917

 ( mais transparente seria entender o que é isto de o hoje ser amanhã e o amanhã ter sido hoje..

PARIS'2024: MEDALHAS DE GARRA E UM OLHAR PARA O FUTURO

 


Em Paris, o esforço dos nossos atletas brilhou como nunca. Quatro medalhas conquistadas e catorze diplomas olímpicos representam muito mais do que os simples números, são a prova de que, com determinação, trabalho árduo e uma vontade inabalável, os limites podem ser superados.

Embora o desejo fosse trazer ainda mais conquistas, o orgulho pelo que foi alcançado é imenso.

Cada um dos nossos atletas, com a sua garra, coragem e ambição, trouxe honra ao país, mostrando que o caminho para a glória é palmeado com suor, persistência e espírito de equipa.

Agora, enquanto a chama olímpica passa para Los Angeles, o futuro promete ser grandioso. A cerimónia de encerramento em Paris não só celebra o fim de uma caminhada, mas abre portas para o que virá em 2028.

Com estrelas como Billie Eilish e Snoop Dogg a embalar a noite, a transição para LA'28 será um espetáculo à altura dos sonhos de todos que acreditam no poder transformador do desporto. Mais do que uma despedida, esta é uma celebração do que foi conquistado e do que ainda está por vir.

Aos nossos atletas, deixamos um obrigado profundo. Vocês são a personificação do que significa lutar com honra, e inspira-nos  a acreditar que, com esforço e paixão, o impossível torna-se possível.

Que Paris 2024 seja lembrado não apenas pelos resultados, mas pelo espírito que nos une como nação, e que em Los Angeles, continuemos a elevar a bandeira de Portugal ainda mais alto.

Um bem haja a todos os ateltas olímpicos,  parabéns!

João Manuel

Meu Caro Fernando Pimenta

 


Não o conheço pessoalmente. Fui conhecendo conforme chegavam notícias das suas múltiplas vitórias por esse Mundo fora. Sempre que entrou na minha vida, foi com notícias boas que o honram e prestigiam Portugal. Perdi a conta aos seus títulos nacionais, europeus e mundiais. O Fernando, que não me conhece de lado nenhum, teve a generosidade de me oferecer alegrias. A mim e a milhões de portugueses.

Escrevo-lhe quando a festa das Olimpíadas está a chegar ao fim, a festa que lhe trouxe amargura por não ter chegado ao pódio que tão bem conhece. Vi-o cabisbaixo no final da prova e decidi escrever-lhe para lhe dizer:

- Não faça isso! Levante essa, cabeça, homem de Deus! O Fernando será sempre uma bandeira desfraldada, o exemplo que seriedade e rigor, o campeão que tantas vezes nos fez vibrar.

Levante essa cabeça! Deixe que a gente o reconheça nas tantas alegrias que nos deu. Um campeão sobrevive para lá da mortalidade e o seu nome está gravado na história do desporto português. Por vezes, somos pelintras e mal-agradecidos. Noutras, continuamos pelintras, embora agradecidos. Agradeço-lhe, e comigo muitos portugueses, que o encontram todos os dias nas viagens pela memória das coisas boas que nos aconteceram.

Levante essa cabeça, herói deste país carente de heroísmo! Estamos juntos na alegria e na tristeza. E não há motivo para tristezas depois de tão farta herança que nos legou.

Obrigado, Fernando!

Francisco Moita Flores

Dia 155/resto da vida (11.08.2024)

 




REnascidos acredito que este texto transmite tanto do que acreditamos e desejamos:

"Que eu tenha a força de ser eu mesma, sempre Que eu possa fazer o bem, sem saber o porquê Que eu nunca pense que esse alguém irá me retribuir

Que eu possa ouvir passarinhos cantando Que eu possa ver a imensidão azul do céu Que eu descubra, brincando, o formato das nuvens Que eu possa valorizar a alma da criança que existe em mim.

Que ao me levantar enxergue a luz através do sol

Que diga com amor o bom dia de cada dia Que a minha presença seja sentida, amiga

Que eu possa me agasalhar no coração do meu amor quando sentir frio

Que eu esteja ao seu lado nos dias alegres de verão

Que a grandeza do mar seja a energia que recarrega minha alma

Que a minha existência faça diferença

Que minhas palavras sejam amáveis e doces.

Que sejam ouvidas de forma leve, suave, sublime, como anjos cantando... 

Que eu possa entender o amor dos que não sabem demonstrar o amor que sentem

Que eu saiba ser desapegada do amor dos que não sabem amar .

Que eu possa entender que nem todos podem me amar Mas que eu ame a todos, sem distinção, com toda a força e luz do amor que existe em mim. "

(Oswaldo Begiato )

Que a nova semana que vai iniciar venha coberta de concretizações de tudo que desejamos.

Lembrem-se nada é por acaso. E nada será em vão.

Gratidão a todos que me dão força e têm estado comigo, nesta longa caminhada

Muita fé e esperança   com a certeza que Deus vai  Renovar a RE(força), o RE(foco) e o RE(nascer) !

#by AnaGomes.

Dia 154/resto da vida (10.08.2024)



Queridos Renascidos,

Hoje dei uma volta aqui pelas minhas notas e encontrei algumas que nunca cheguei a publicar.

Um misto de emoção ao reler o que comecei a escrever assim que tive acesso a um papel e uma caneta.

Hoje passados 154 dias estas notas parecem longínquas, mas foram de momentos tão intensos e difíceis:

Dia 1/resto da vida  (08.03.2024)

Dia do embate, da chamada, da espera, de muito medo, mas também de muita força e pensar que ia correr bem.

Horas difíceis de espera mas pelas 21h lá me levaram para o bloco. Pouca memoria tenho do percurso porque já estava um pouco sedada para estar mais descontraída. Apaguei....

Dia 2/resto da vida  (09.03.2024)

Tenho lembrança de estar adormecida mas perceber que tinha tubo na garganta e a aflição que isso provoca, ouvindo alguém a explicar que tinha o tudo mas que dali a pouco já iam tirar, e fios em todo o lado, e de me dizerem que estava bem... que tinha corrido tudo bem e que tinha um coração novo.

Pensei "estou viva, existiu um coração novo para mim"

Nunca ninguém vai conseguir explicar o porquê  de alguém não ter tido uma 2 oportunidade para eu ter a minha oportunidade para REnascer! Vou conviver sempre com esta incógnita com um sentimento de pura Gratidão para com o meu Deus, e para com a pessoa que doou o seu órgão vital para a vida.

Que amanhã seja um domingo abençoado e nos traga boas energias, e memórias boas

Bora lá  com garra, confiança e a certeza que Deus vai  Renovar a RE(força), o RE(foco) e o RE(nascer) a cada dia!

#by AnaGomes.