15 junho 2024

Predestinação

Nasci predestinado a ser pastor

A cuidar da terra e da lenha

A tratar do milho, do feijão e da vinha

Muito me pendurei nas oliveiras

Não tinha jeito para a poda, nem para o derrube de animais 

Mas estava predestinado ao campo

À sorte incerta das colheitas e da água no cabaço

Cresci com o florir dos rosmaninhos, apanhei caruma e cavacos

Usei um púcaro para saciar a sede

Deixei as mãos ardentes da enxada e do machado

Dormi a sesta na mata e nas fazendas

Subi e desci socalcos de terra e pedra

Fui picado por vespas e mordido por lacraus

Fui predestinado a ser corpo em terra de pão

Malhei milho e centeio na eira, debulhei grão e tremoços

Segurei nos arreios da burra que puxava a carroça 

Cuidei de cabras, ovelhas, galinhas e porcos

Teimava em ler, observar e conhecer 

Mas estava predestinado a ser continuidade e resignação 

O que incluía escutar as histórias e as diferenças

Guardo tudo no meu coração e repito em casa visita

Estava predestinado, mas a minha ambição não podia ser escolhida no avental

Como espigas ou cachos de uvas levadas para casa


José Gomes Ferreira

POR UM FUTURO SEM POBREZA INFANTIL


O número de crianças em risco de pobreza em Portugal atingiu proporções alarmantes, com 379 mil menores enfrentando essa realidade devastadora.

 

Em comparação com o ano passado, são mais 40 mil crianças expostas à pobreza ou exclusão social, revelando uma subida preocupante de 1,9 pontos percentuais.

Este aumento é particularmente notório entre as crianças mais pequenas, com 21,6% dos menores de seis anos agora em risco, um crescimento de 4 pontos percentuais, totalizando 107 mil crianças.

Esta situação exige uma atenção urgente e uma ação concertada.

A pobreza infantil não é apenas uma estatística, mas uma realidade que compromete o desenvolvimento físico, emocional e educacional das crianças, perpetuando ciclos de pobreza que podem durar gerações.

Quando olhamos para os rostos dessas 379 mil crianças, vemos um futuro incerto que poderia ser radicalmente transformado com o apoio adequado.

É imperativo que a sociedade, os governos e as instituições trabalhem juntos para criar um ambiente onde todas as crianças possam crescer com dignidade, acesso a educação de qualidade, saúde e condições de vida seguras.

O investimento na primeira infância é crucial, pois é nesta fase que se moldam as bases para um futuro saudável e produtivo.

Não podemos permitir que mais 40 mil crianças sejam adicionadas a estas estatísticas sombrias.

Devemos agir agora, com políticas eficazes e programas de apoio que façam a diferença na vida dessas crianças e das suas famílias.

Porque cada criança merece uma oportunidade justa para prosperar e cada número nesta estatística representa uma vida em potencial. Vamos transformar estes números em histórias de superação e sucesso, garantindo que todas as crianças tenham a chance de um futuro brilhante e promissor.

 

João Manuel


O fotojornalista João Porfírio, natural de Portimão, esteve em território ucraniano numa reportagem para o jornal Observador









Fonte - Barlavento

Forró dos gringos

O cravo na lapela 

Não transforma o amor

É como o soprar de vela

É apenas tentador 


Um beijo teu não faz a paixão

Não chama por ti quando preciso

Não lembra o bater do coração

Nem me leva a ter juízo 


Um sorriso simples é carinho

É encanto que pode ficar

Lembra cada aves no seu ninho 

Pode ser esperança para amar


Uma noite pode ser o fim

Uma despedida pode ser um começo

O brilho dos olhos diz se estou afim

Só falta saber o teu endereço 


José Gomes Ferreira

* nos últimos meses ando repartido entre Natal e Campina Grande, esta última localizada no interior da Paraíba e para a qual não faltam adjectivos: a rainha da Borborema (a serra), a capital do forró e onde se realiza, dizem eles, o melhor São João do mundo. Influenciado pela música em todos os espaços escrevi essas palavras.

14 junho 2024

AS CONSEQÜÊNCIAS DO HOLOCAUSTO

 


Em 1945, as tropas anglo-americanas e soviéticas que adentraram nos campos de concentração descobriram pilhas de cadáveres, ossos e cinzas humanas – um testemunho do genocídio efetuado sob a bandeira nazista. Os soldados também encontraram milhares de sobreviventes – judeus e não-judeus – famintos, alquebrados, e doentes. Para os sobreviventes, a idéia de reconstruir suas vidas era desalentadora.

Quando foram liberados, muitos sobreviventes tiveram medo de retornar para suas casas devido ao anti-semitismo que ainda existia em partes da Europa, e também pelo trauma que haviam sofrido, que os deixava inseguros. Mesmo aqueles que decidiram voltar temiam por suas vidas, pois sabiam que muitos europeus não-alemães haviam colaborado com os nazistas, e assim haviam conseguido tomar posse de propriedades de judeus, as quais não queriam devolver aos legítimos donos. Na Polônia pós-guerra, por exemplo, houve muitos pogroms contra os israelitas que retornavam e tentavam reaver seus bens. O maior destes episódios ocorreu na cidade polonesa de Kielce, em 1946, quando arruaceiros locais mataram pelo menos 42 judeus e espancaram inúmeros outros sobreviventes que buscavam retomar suas vidas no local de onde haviam sido arrancados à força pelos nazistas e seus colaboradores.

Sem ter para onde ir, uma vez que não mais tinham onde viver e trabalhar, dezenas de milhares de sobreviventes, oriundos do leste da Europa, ficaram desabrigados, tendo que migrar para países do oeste europeu que já haviam sido liberados pelos Aliados. Ali, eles foram abrigados em centenas de centros e campos de refúgio para deslocados pela guerra (DP), tais como o de Bergen-Belsen (ex-campo nazista) na Alemanha. Esses campos eram gerenciados pela Administração das Nações Unidas para Assistência e Reabilitação (UNRRA) e pelos exércitos de ocupação dos Estados Unidos, Grã-Bretanha e França.

Um considerável número de organizações judaicas buscou ajudar os refugiados. O Comitê da Junta Judaica Norte Americana de Bem-Estar Social providenciou alimentos e roupas para os sobreviventes, e a instituição Organização, Reconstrução e Trabalho—ORT ofereceu treinamento profissional para que pudessem refazer suas vidas. Os refugiados também fundaram suas próprias organizações, e muitos deles dedicaram-se ao re-estabelecimento de um estado judeu independente no Mandato Britânico na Palestina, conforme lhes prometido pela Liga das Nações em1919.

A maior organização de sobreviventes, a Sh'erit Hapleitah (“sobreviventes”, em hebraico), lutou para que eles tivessem mais oportunidades de emigração, mas em muitos países o número de cotas para imigração legal, como foi o caso dos Estados Unidos, já havia sido alcançado e não havia flexibilidade para alterá-la. Os que quiseram seguir para o Mandato Britânico na Palestina tiveram que enfrentar os empecilhos colocados pelos ingleses para limitar a imigração de judeus para aquela região. Muitas fronteiras entre países europeus ainda estavam fechadas para os desabrigados.

O Grupo da Brigada Judaica, uma unidade de judeus palestinos no exército inglês, foi formado no final de 1944. Juntamente com antigos partisans deslocados pela Europa central, a Brigada formou a Brihah ("vôo" ou “fuga”, em hebraico), uma organização que tinha como objetivo facilitar o êxodo de refugiados judeus da Europa para a Palestina. Os judeus que já viviam no

Mandato Britânico na Palestina organizaram imigrações “ilegais” por via marítima, também conhecidas como Aliyah Bet, mas as autoridades inglesas interceptaram muitos navios e obrigaram os refugiados a retornar. Em 1947, os ingleses obrigaram o navio Exodus 1947, que ia para aquela região, com 4.500 sobreviventes a bordo, a retornar para a Alemanha. De forma sistemática os ingleses recusavam-se a autorizar a entrada de refugiados judeus no território do seu Mandato, prendendo-os em campos de detenção localizados na ilha de Chipre, no Mediterrâneo.

Com a formação do Estado de Israel, em maio de 1948, muitos deslocados de guerra e refugiados judeus migraram para o novo estado soberano. Estima-se que 170.000 deslocados de guerra e refugiados tenham imigrado para Israel no período entre o final da guerra e o ano de 1953.

Em dezembro de 1945, o presidente norte-americano, Harry Truman emitiu uma ordem oficial que tornaram mais flexíveis as restrições de cotas para imigração, permitindo que muitos deslocados de guerra, previamente perseguidos pelo regime nazista, imigrassem para os Estados Unidos. Mais de 41.000 refugiados imigraram para os Estados Unidos, dos quais cerca de 28.000 eram judeus. Em 1948, o Congresso Americano aprovou a Lei dos Deslocados de Guerra que, entre 1º de janeiro de 1949 e 31 de dezembro de 1952, autorizou a emissão de aproximadamente 400.000 novos vistos de imigração para os sobreviventes, havendo 68.000 israelitas usado aquela oportunidade.

Muitos outros refugiados judeus emigraram, como deslocados de guerra, da Europa para o Canadá, Austrália, Nova Zelândia, países da Europa ocidental, Brasil, México, Argentina, e outros países latino-americanos, bem como para a África do Sul.

 

Fonte: US Holocaust Memorial Museum

12 junho 2024

Sabe de onde vem a expressão “perder os 3 vinténs”?

 


A expressão teve origem no “amuleto dos três vinténs” uma pequena moedinha de prata que era pendurada no pescoço das meninas até ao seu casamento. Então, a mulher casada entregava a moeda furada ao seu marido e dizia-se que ele lhe tinha “‘tirado os três vinténs”. Pela primeira vez, em Portugal, no reinado de D. Pedro II, cunhou-se a moeda de prata, dos três vinténs. E foi sendo cunhada até ao fim do reinado de D. Miguel que terminou em 1834 pela convenção de Évora-Monte. Nos reinados seguintes desapareceu, embora continuassem em circulação as anteriormente cunhadas.

Esta moeda de prata tem para os estudiosos de antropologia cultural, um encanto especial. É que ela anda ligada a uma tradição, com significado bem especifico que todos conhecemos: aquela já não tem os três vinténs ou já lhe tiraram os três vinténs.

Mas a história conta que antigamente as mães ofertavam às filhas, às vezes até no dia do nascimento, uma moedinha de prata, de três vinténs (ou seja de 60 réis) a que faziam um furinho por onde passava, um fio que permitia pendurá-la ao pescoço da menina. Funcionava como amuleto para salvaguardar a pureza e a virgindade daquela jovem que durante toda a sua vida a usava com orgulho.

Só com o casamento ela entregava a moedinha ao marido, ou este, orgulhoso, lha tirava do pescoço para a guardar religiosamente. Só então a sociedade podia afirmar com verdade que ela já não tinha os três vinténs, porque o marido lhos tirou. Estava pois casada, não era mais uma menina virgem. Alguns rapazes mais atrevidos quando se aproximavam delas começavam por procurar no pescoço a famosa moedinha e, quando não a encontravam pronunciavam descontentes, “já não tem os três vinténs” ou então, “já lhe tiraram os três”. Tinha chegado tarde, ela já tinha dono. Num passado ainda recente, quando a virgindade feminina era um atributo quase indispensável para o casamento, era vulgar a expressão que fazia equivaler a existência da ainda virgindade à expressão “Ter os três vinténs” ou, não.

 

Autor Carlos Casimiro (Mundo Português)


JAIME NEVES E RAMALHO EANES HERÓIS DA LIBERDADE ESQUECIDA

No contexto da Assembleia da República, a discussão sobre a comemoração do 25 de novembro é tanto pertinente quanto necessária, contudo, entendo que temos matérias e temáticas mais prementes e relevantes para a vida dos portugueses, neste momento.

No meu entender, este tema não deveria ser uma prioridade da agenda política.

Mas vamos diretamente ao assunto, a importância desta data no panorama histórico e político de Portugal não deve ser subestimada.

O 25 de novembro de 1975 marca um momento crucial na consolidação da democracia em Portugal, um ponto de viragem que travou a possibilidade de uma ditadura de esquerda após a Revolução dos Cravos.

O 25 de abril de 1974 é justamente celebrado pela sua libertação da opressão e tirania da ditadura de extrema-direita que governou o país durante décadas.

No entanto, o período pós-revolucionário foi marcado por uma tensão crescente entre várias fações políticas, com o risco iminente de se cair numa nova forma de autoritarismo, desta vez de extrema-esquerda.

Figuras como Jaime Neves e Ramalho Eanes foram centrais neste processo. Jaime Neves, comandante do Regimento dos Comandos na Amadora, e Ramalho Eanes, que mais tarde se tornaria Presidente da República, desempenharam papéis fundamentais na estabilização do país.

A "direita militar", sob a sua liderança, preparou um contra-golpe decisivo contra as tentativas de Otelo Saraiva de Carvalho e do COPCON (Comando Operacional do Continente) de direcionar o país para um regime de inspiração marxista.

Otelo Saraiva de Carvalho, sentindo o poder escapar-se-lhe, distribuiu armas aos grupos esquerdistas, num gesto que poderia ter mergulhado o país numa guerra civil.

A intervenção de Neves e Eanes foi, assim, vital para garantir que Portugal não se desviasse do caminho democrático.

Comemorar o 25 de novembro não é apenas recordar um evento histórico; é celebrar a vitória da democracia sobre qualquer forma de ditadura, independentemente do seu espectro político. Assim como o 25 de abril simboliza a libertação do autoritarismo de direita, o 25 de novembro deve ser visto como o baluarte contra a ameaça de uma ditadura de esquerda.


Portanto, deve-se comemorar o 25 de novembro com a mesma pompa e circunstância com que se celebra o 25 de abril. É um reconhecimento necessário aos esforços daqueles que, com coragem e determinação, asseguraram que a liberdade e a democracia fossem os pilares fundadores do Portugal contemporâneo.

É uma homenagem justa a figuras como Jaime Neves e Ramalho Eanes, cujas ações garantiram que a esperança de um país democrático e pluralista se mantivesse viva.

A celebração do 25 de novembro é, em última análise, uma celebração da nossa democracia, dos nossos valores e da nossa história comum. É um tributo à resiliência do povo português na sua procura ininterrupta pela liberdade e justiça.




11 junho 2024

Quadras de véspera

Já pus a sardinha a assar

E o caldo verde na fervura

Só falta o Santo António me casar 

E acabar com a minha amargura 


Logo à noite terá desfile

Das Marchas Populares 

Se ainda tem quem refile

O melhor é mudar de ares


Santo António estás em festa

Juntas broa, vinho e sardinha 

Cuida de dois palmos de testa

Não te escondas à noitinha


Santo António dos costumes

E de bonitas tradições 

Não esqueças os perfumes

Nem de dispor das ocasiões 


José Gomes Ferreira

A ASCENSÃO DA EXTREMA DIREITA E A RESPOSTA DE MACRON, UM PANORAMA DE POLÍTICA EUROPEIA


As recentes eleições para o Parlamento Europeu trouxeram mudanças significativas no cenário político do continente.
A extrema direita fez avanços notáveis, conquistando um número expressivo de cadeiras e desafiando o equilíbrio de poder tradicional.
RESULTADOS DAS ELEIÇÕES EUROPEIAS
Na França, o Reunião Nacional de Marine Le Pen obteve um resultado histórico, alcançando o primeiro lugar.
Este avanço simboliza uma crescente aceitação das políticas nacionalistas e populistas no país.
Na Itália, o Irmãos da Itália, liderado pela primeira-ministra Giorgia Meloni, também liderou a votação. A Alternativa para a Alemanha superou os sociais-democratas do premiê Olaf Scholz, posicionando-se em segundo lugar.
Outros países, como Áustria, Polónia e Holanda, também viram um aumento no apoio à ultradireita.
Os partidos nacionalistas e populistas devem ocupar mais de um quarto das 720 cadeiras do Parlamento Europeu.
No entanto, os blocos da direita moderada (PPE), socialistas e liberais do Renew continuarão a ser maioritários, com pouco mais de 400 deputados. Esta composição sugere um Parlamento fragmentado, onde alianças e negociações serão fundamentais.
MACRON DISSOLVE O PARLAMENTO FRANCÊS
Em resposta à derrota do seu partido nas eleições europeias, o presidente francês Emmanuel Macron tomou uma decisão surpreendente, dissolver o parlamento e convocar eleições legislativas antecipadas para 30 de junho e 7 de julho. Tradicionalmente, as eleições legislativas na França ocorrem logo após as presidenciais, garantindo uma maioria confortável para o presidente eleito. No entanto, Macron já não obteve maioria absoluta nas legislativas de 2022, e agora enfrenta um risco ainda maior.
O partido de Macron, Renaissance, obteve apenas 13 cadeiras na votação europeia de domingo, menos da metade das 30 conquistadas pela extrema direita.
Com estas novas eleições, existe a possibilidade real de que a França tenha um primeiro-ministro do partido de Marine Le Pen.
Tal cenário poderia transformar profundamente a política francesa, com repercussões significativas para a Europa.
UM FUTURO INCERTO
A decisão de Macron é arriscada, mas reflete a sua compreensão da gravidade da situação.
"Não poderia agir como se nada estivesse acontecendo", afirmou em discurso. A dissolução do parlamento e a convocação de eleições antecipadas demonstram a sua tentativa de recuperar a iniciativa política e enfrentar os desafios impostos pela ascensão da extrema direita.
Entretanto, uma coligação de esquerda está a formar-se para fazer oposição tanto a Le Pen quanto a Macron.
Esta coligação poderá ser decisiva nas próximas semanas, à medida que a França se prepara para uma batalha eleitoral crucial.
CONCLUSÃO
O avanço da extrema direita nas eleições europeias e a resposta de Macron mostram um momento de transformação e incerteza na política europeia.
As próximas eleições legislativas francesas serão um teste crítico para a democracia e para o futuro político da França, e até mesmo, da Europa.
Aguardemos os próximos desenvolvimentos, que certamente serão intensos e decisivos.
Pode ser uma imagem de 1 pessoa e cabelo louro






 

REFLEXÕES DIÁRIAS


RECONHECENDO A IMPORTÂNCIA DAS MULHERES NA CIÊNCIA
O Prémio Mulheres na Ciência é uma celebração vital do trabalho excecional das cientistas em Portugal.
Este ano, a 20.ª edição das Medalhas de Honra L’Oréal Portugal para as Mulheres na Ciência destacou quatro investigadoras cujos projetos inovadores prometem trazer avanços significativos em áreas cruciais da saúde.
Laeticia Gaspar, uma das vencedoras, está a explorar a ligação entre a apneia do sono e o envelhecimento acelerado no Centro de Neurociências e Biologia Celular da Universidade de Coimbra. Com apenas 31 anos, Laeticia já se destaca pelo seu trabalho em biologia experimental e biomedicina, trazendo à luz as sérias consequências desta perturbação do sono.
Cláudia Deus, também premiada, investiga a doença de Parkinson no Instituto Multidisciplinar de Envelhecimento da mesma universidade. O seu trabalho poderá abrir novas perspetivas para o tratamento e gestão desta doença neurodegenerativa.
Sara Silva Pereira dedica-se ao estudo de doenças parasitárias tropicais, como a doença do sono, na Universidade Católica Portuguesa em Lisboa, enquanto Mariana Osswald foca-se na análise dos epitélios no Instituto de Investigação e Inovação em Saúde da Universidade do Porto.
Ambas contribuem com pesquisas fundamentais que podem transformar a nossa compreensão e abordagem a várias doenças.
Estas cientistas, com idades entre 31 e 37 anos, foram escolhidas entre dezenas de candidatas devido à relevância e potencial impacto dos seus projetos.
Cada uma recebeu um prémio de 15 mil euros, num total de 60 mil euros, para apoiar as suas investigações.
O Prémio Mulheres na Ciência, iniciado pela L’Oréal Portugal em conjunto com a Comissão Nacional da UNESCO e a Fundação para a Ciência e a Tecnologia, já apoiou 69 investigadoras desde 2004.
Este reconhecimento é determinante para reforçar que "o conhecimento não tem género" e promover a diversidade no campo científico.
Este prémio não só destaca a excelência das mulheres na ciência, mas também inspira futuras gerações a seguir caminhos semelhantes.
A diversidade no conhecimento científico é essencial para enfrentar os desafios globais, e estas iniciativas são fundamentais para assegurar que todos os talentos sejam reconhecidos e valorizados.
Apoiar a investigação científica é investir no nosso futuro, e reconhecer o trabalho das mulheres na ciência é um passo vital para garantir um progresso equitativo e inovador para todos.
Pode ser uma imagem de diário e texto que diz "be WIIl been have ከሬይ ife know to must years desert. misfortunes You that have with with his isIii across you which due best than his fhis teps quick which according stopping of advantages, deprived less due mention with faults, laults, added might he, have less the walked the My he have treat ily. confession ous aesign. greater"





 

Fluxo de emoções - 500 anos de Luís de Camões

 

 
(re)VISÃO de Camões Aquarela e acrílico,
 s/paper Canson 300gr 21x14,8 - Josefa Reis/2024


O caminho entre a ideia e a obra pode ser muito mais longo do que se costuma pensar. O processo criativo artístico é a busca pela forma como o artista abordará a mensagem que pretende passar para o mundo, seja a comunicação de um sentimento, um impacto visual, a provocação de questionamentos sobre a realidade, entre outros. Não é uma tarefa fácil, pois envolve dúvidas, incertezas, inquietações, questionamentos, erros, acertos…é o momento em que o artista vive e dialoga com a sua obra. Em suma, a criatividade artística implica uma combinação de fatores: a vivência pessoal, mas também a emoção intensa e a observação da natureza, o olhar crítico e a reflexão sobre a sociedade ou outra fonte que desperte os sentidos ou a imaginação do(a) artista.
Nesta obra, a inspiração da artista Josefa Reis é o poeta, o maior de todos os tempos  do nosso país, Luís Vaz de Camões, aquando da comemoração do dia 10 de junho, Dia de Camões, de Portugal e das Comunidades Portuguesas.

10 junho 2024

Revelação

Não tenho programa nem repúdio na despedida 

Nem razão que venha a perdoar 

Se me cairem na sorte os teus beijos

Ficará a minha alma surpresa

Junto à vontade de pecado eterno

A rota das tuas medidas

As melodias que os olhos seguem

O palpitar do sopro da vida

E o desejo que serve de exemplo 

Não acompanho nada que não seja sonho reclamado 

Não me perguntem nada, a minha esperança é pura

O amor completo revelado, que acaba com suspeitas

O povo gosta de histórias e embalos

A minha paixão não é apenas corpórea ou fraternal

É também pelo encanto da travessia

Sou igualmente um devoto da natureza e da observação 


José Gomes Ferreira 

Fluxo de emoções - Celebrar Camões lírico

 

Descalça vai pera a fonte

Lianor, pela verdura;

vai fermosa e não segura.

Leva na cabeça o pote,

o testo nas mãos de prata,

cinta de fina escarlata,

sainho de chamalote;

traz a vasquinha de cote,

mais branca que a neve pura;

vai fermosa e não segura.

Descobre a touca a garganta,

cabelos d' ouro o trançado,

fita de cor d' encarnado.

Tão linda que o mundo espanta!

 Chove nela graça tanta

que dá graça à fermosura;

vai fermosa, e não segura. 


Luís de Camões


Quando me quer enganar

 



A minha bela perjura,

Pera mais me confirmar

O que quer certificar,

Pelos seus olhos mo jura.

Como meu contentamento

Todo se rege por eles,

Imagina o pensamento

Que se faz agravo a eles

Não crer tão grão juramento.

 

Porém, como em casos tais

Ando já visto e corrente,

Sem outros certos sinais,

Quanto me ela jura mais,

Tanto mais cuido que mente.

Então, vendo-lhe ofender

Uns tais olhos como aqueles,

Deixo-me antes tudo crer,

Só pela não constranger

A jurar falso por eles.

 

                 Luís de Camões

Foto - Selo comemorativo que celebra os 400 anos do nascimento de Luís Vaz de Camões, em 1924. Representação do poeta a salvar o seu manuscrito "Os Lusíadas" durante o naufrágio

09 junho 2024

Calendário

É um jogo de idades
A cronologia da vida
Ficamos mais serenos
A querer paz e sossego
Sonhamos ainda com o amor
Mas é o silêncio que nos marca
Não queremos mais a multidão 
É suficiente quem está próximo
O luar e as estrelas, as serras e montanhas
Aumentamos o gosto pela maré e pelo azul divino
Um café e um vinho são paixão 
Correspondem a uma noite de desejo
Não queremos mais correr
Caminhar é suficiente para suspiro
Deixar o corpo à vontade 
Se o coração acelera, reduzimos a emoção
Partilhar não é mais esperar
Quem está está e é suficiente 
Quem ama abraça e escuta
Não imitamos mais, sorrimos
Queremos os raios de Sol
E não chegar à consequência do destino 

José Gomes Ferreira