Em 2023, a Europa assistiu a uma tragédia silenciosa: o
calor extremo, intensificado pela dependência de combustíveis fósseis,
reivindicou milhares de vidas.
No total, 50 mil pessoas perderam a vida, com a Itália e a
Alemanha entre os países mais afetados, registando cerca de 12.750 e 6.376
mortes, respetivamente.
No entanto, este número alarmante poderia ter sido muito
pior.
A investigação liderada por Elisa Gallo, da equipa de
Barcelona, revela que, sem as medidas de adaptação implementadas nas últimas
duas décadas, o número de óbitos teria sido 80% maior. Entre os idosos, essa
diferença seria ainda mais dramática: 100% mais mortes teriam ocorrido, se não
fosse pelo avanço nas condições de saúde, proteção social, e consciencialização
pública.
Mas por que as mulheres e os idosos foram os mais atingidos?
A análise revela que, em quase todos os países, significativamente mais
mulheres morreram em comparação aos homens, destacando uma vulnerabilidade
particular que precisa de atenção urgente.
Os idosos, por sua vez, continuam sendo o grupo mais
vulnerável às temperaturas extremas.
As medidas de adaptação, desde a melhoria dos sistemas de
saúde até as campanhas de sensibilização provaram ser vitais para salvar vidas.
Mas, como aponta Gallo, esses esforços são apenas um começo.
Para proteger verdadeiramente as populações vulneráveis, é essencial continuar
avançando em políticas de adaptação e mitigação.
O calor não é apenas um fenómeno climático, mas uma questão
de justiça social. O calor afeta desproporcionalmente os mais frágeis e expõe
as desigualdades subjacentes nas nossas sociedades.
A mensagem é clara: precisamos agir agora, e com rapidez,
para garantir que as futuras gerações não herdem um mundo onde o calor
mata.
"Calor Mortal: A Batalha Silenciosa da Europa Contra a
Crise Climática"
O calor extremo é uma força implacável, e a crise climática
está a transformá-lo numa ameaça cada vez mais letal.
As perdas humanas registadas em 2023 são um testemunho
doloroso do preço que estamos a pagar pela indecisão e inércia.
A questão não é, se podemo-nos adaptar, mas sim, se faremos
o suficiente para proteger aqueles que são mais vulneráveis.
A Europa está a enfrentar uma luta pela sobrevivência, e o
tempo para agir é agora.
João Manuel
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