8/16/2024

A comunicação social na era das redes sociais



Nos anos mais recentes foram muitas as transformações da comunicação social dita tradicional, assim como do jornalismo. Criou-se a ilusão do fim do suporte em papel, diminuiu imenso, faço votos para que não seja o fim. Previu-se uma crise nos modelos de rádio e TV, que ocorreram, mas vão resistindo. Por outro lado, a ideia de universalizar o acesso à informação merece ponderação. É um facto que temos mais informação disponível, mas nem toda é gratuita e nem toda é de qualidade.

Já não se trata apenas da disponibilidade dos conteúdos de sites de jornais, rádio e TV online. O novo paradigma é de partilha das notícias nas redes sociais. Não vamos igualmente esquecer o próprio modelo de negócio da comunicação social, que é cada vez mais próximo de uma gestão por accionistas de fundos de mercados financeiros. Todos dizem que o sector não dá lucro, mas por algum motivo investir nele dá lucro. Esse facto gera inquietação junto dos trabalhadores e igualmente do público. Sendo que já não se faz um jornalismo de rua, mas de agência, num mero copiar e colar.

O maior problema do jornalismo na era das redes sociais, além da possível ligação a interesses econômicos ou ideológicos, é a redundância da partilha. O valor notícia de alguns conteúdos deixa muito a desejar. Simultaneamente, muitas dessas notícias são repetidas , num exagero diário de selecção de apenas de alguns temas da agenda pública. Se o receio era de uma crise profunda este é o momento. 

A partir do ano 2000 havia o receio dos blogs afectarem os suportes tradicionais, uma vez que quem os alimenta não é necessariamente jornalista. Esse nunca foi um problema digno de registo. A ameaça está dentro do sector. A expectativa da dita comunicação social progressista, ou de forma geral independente, se apresentar como um movimento de resistência tem mostrado boas oportunidades, mas também que nem tudo são rosas. Falta mesmo é jornalismo independente e claro. Estamos a bestializar o leitor, ouvinte e espectador. A comunicação social perdeu o ligar educativo e de cultura, é propaganda e repetição. 

José G. Ferreira

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