8/05/2024

Fortaleza de opiniões – Venezuela (Opiniões de Miguel Santos, Rui Cardoso e João Manuel)



Venezuela país mega diverso, encontra-se num grande empasse politico. Qual a sua opinião acerca dos últimos desenvolvimentos?

Miguel Santos - A Venezuela passou de uma das maiores economias da América Latina para com o "Chavismo" tornar se uma das mais pobres.

A situação política atual na Venezuela é, no mínimo, alarmante. É um país que enfrenta há largos anos uma crise política e social profunda, exacerbada por uma economia em colapso, com uma inflação descontrolada, desemprego elevado e com uma evidente escassez de bens essenciais.

 No passado dia 28, a Venezuela realizou eleições presidenciais num clima de crescente tensão e desconfiança. Por um lado, Maduro procura, a todo o custo, manter-se no poder. Por outro, Edmundo González Urrutia, representa uma forte oposição ao regime, e encabeça uma vontade de mudança que parece existir no povo daquele país.

 O processo eleitoral foi pouco transparente e já existem inúmeras acusações de fraude. Desde logo, os observadores internacionais já manifestaram publicamente preocupações sobre a manipulação do resultado e a intimidação de eleitores. Além disso, o Conselho Nacional Eleitoral é amplamente controlado por aliados de Maduro, o que levanta suspeitas acerca da imparcialidade destas eleições.

 Importa dizer que, no que diz respeito ao contexto político, desde que Nicolás Maduro assumiu a presidência, em 2013, o país tem vivenciado um declínio acentuado no que concerne à robustez das suas instituições democráticas, bem como na qualidade de vida dos seus cidadãos.

Outro exemplo da falta de transparência deste ato eleitoral, prende-se com a questão da diáspora. São mais de 8 milhões de venezuelanos no exterior, pelo que, no decorrer deste processo eleitoral, a sua inclusão foi crítica e logisticamente muito complexa. Com efeito, a maioria deles foi excluída do atual sistema de voto, fazendo crescer o sentimento de desconfiança em relação a todo o processo eleitoral.

 No que alude à diplomacia internacional, quer a União Europeia, quer os EUA, além do Brasil que tem sido um dos aliados de Maduro  já demonstraram estar preocupados relativamente ao resultado das eleições, bem como com todo o processo eleitoral. A cada dia que passa, aumenta a lista dos países que não reconhecem a legitimidade das eleições, o que terá, naturalmente, consequências nefastas para aquele país.

O mau exemplo é o Partido Comunista Português ter aceite esta situação não democrática o que mostra a sua pouca vivência com a mesma.

 O futuro da Venezuela é dúbio. Este é um momento absolutamente determinante para o país. No entanto, uma coisa parece-me certa: se Maduro se mantiver no poder, é provável que a crise humanitária e política se adense, acentuando o sofrimento da população venezuelana.

Rui Cardoso - Mostrem as listas que o povo escolheu … e aí sim temos um país democrático.

João Manuel - QUERER SOL NA EIRA E CHUVA NO NABAL: A HIPOCRISIA DAS POTÊNCIAS OCIDENTAIS

Defender a Democracia ou os Próprios Interesses?

A expressão "querer sol na eira e chuva no nabal" retrata bem a hipocrisia das potências ocidentais, como os EUA e a França, que proclamam defender a democracia enquanto se aproveitam das ditaduras, especialmente quando há interesses petrolíferos em jogo.

A Venezuela é um exemplo gritante dessa contradição.

VENEZUELA: RIQUEZA EM PETRÓLEO, POBREZA EXTREMA

 Com um das maiores reservas de petróleo do mundo, a Venezuela já produziu 3,5 milhões de barris de petróleo por dia, mas atualmente, essa produção caiu para 1 milhão.

Um país outrora próspero, agora enfrenta uma crise humanitária com mais de 70% da população vivendo abaixo do limiar da pobreza.

As pessoas passam fome e muitas dependem do regime para sobreviver, e esse é outro problema.

HIPOCRISIA INTERNACIONAL: UM OBSTÁCULO AO PROGRESSO

A defesa da democracia pelos EUA e pela França parece seletiva. Enquanto condenam a ditadura na Venezuela, mantêm relações próximas com regimes autoritários, por exemplo, nações ricas em petróleo.

Esta hipocrisia alimenta um ciclo vicioso, onde o sofrimento do povo venezuelano é ignorado em prol de interesses geopolíticos e económicos.

A NECESSIDADE DE AÇÃO VERDADEIRA E APOIO INTERNACIONAL

 Para mudar este cenário, é fundamental que a comunidade internacional deixe de lado a hipocrisia e ofereça apoio genuíno à Venezuela. Medidas concretas são necessárias para aliviar o sofrimento do povo e promover uma verdadeira transição democrática.

CONCLUSÃO: CHEGA DE HIPOCRISIAS

Neste contexto, é urgente que as potências ocidentais sejam coerentes nas suas políticas externas.

A defesa da democracia deve ser universal, sem seletividade. Somente assim poderemos começar a ver mudanças reais na Venezuela e no mundo.

A situação da Venezuela, não é fácil, a ajuda internacional tem de ser uma realidade, julgo que ninguém pode acreditar na credibilidade destas eleições, a bem da credibilização deste ato eleitoral era importante que as atas fossem revistas ao pormenor,  junto de pessoas credíveis e idóneas acompanhados por observadores internacionais,  que não sejam unicamente russos ou chineses. Tudo isto tem ser feito com  a maior lisura e transparência.

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