9/06/2024

Miguel Marques - Diário de bordo 1

 


O mar é um espelho da alma humana, um cenário onde os sentimentos encontram eco na sua vastidão. Quando olhamos para o horizonte infinito, somos confrontados com a imensidão do mundo e, ao mesmo tempo, com a pequenez de nossas preocupações. O mar tem o poder de acolher todas as emoções: a paz das suas águas tranquilas refletem momentos de serenidade, enquanto as ondas revoltas espelham a inquietude que às vezes carregamos por dentro.

Estar em frente do mar desperta em nós o desejo de conexão, não apenas com a natureza, mas também com algo mais profundo e essencial. O ritmo constante das ondas, que vão e vêm, lembra-nos da impermanência da vida, de que tudo está em constante movimento, como as marés que se renovam a cada ciclo. É um convite à aceitação do fluxo natural dos eventos, de que tanto as alegrias quanto as tristezas vêm e passam, como o próprio oceano que nunca é o mesmo.

Há também um sentimento de liberdade inigualável. Permite-nos sonhar, imaginar o que está além do horizonte, enche-nos de um espírito de aventura, mas ao mesmo tempo de respeito. As suas águas podem ser acolhedoras ou perigosas, e isso ensina-nos a humildade, lembrando-nos de que, apesar de toda a nossa capacidade, ainda somos pequenos diante da grandiosidade do mundo natural.

O mar é um refúgio. O som das ondas, o cheiro a sal, a brisa que vem do oceano, tudo isso cria um ambiente que convida à introspecção, à cura e ao recomeço. No mar, os nossos pensamentos encontram espaço para fluir, como a água, e assim, podemos perder-nos nele para nos encontrarmos novamente.

Miguel Marques

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