9/15/2024

Cidade nua

Caminho na cidade vazia como testemunho

Como presença em qualquer outro lugar 

Observo o abrigo de quem não o tem

Arrepiam-me os espaços de gente sem voz

Mesmo que nas rezas tem quem peça salvação 

A penitência é pedida na repercussão dos indigentes

Ignora a culpa de quem não prescinde de reverência 

Percorro as ruas limpas do habitual vai e vem

Não têm ruído, nem anúncio de vendas

É domingo e a cidade dá-se nua à análise 

Sento-me à porta da igreja como quem fica à janela 

Aguardo o aceno dos pecadores

Vou deixar o tempo passar sem limites

Talvez se mostrem no bater do peito ou no proclamar da necessidade de aceitar a palavra divina

Até lá o Sol aquece as entrelinhas e eu suspiro

Quero também encontrar amor no eco metropolitano


José Gomes Ferreira

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