A falta de médicos no Serviço Nacional de Saúde (SNS) é um
problema que atravessa gerações de governos e afeta diretamente o acesso à
saúde de milhões de portugueses.
A escassez nas áreas de obstetrícia e medicina familiar, em
particular, reflete uma crise profunda que não começou com o atual governo, nem
com o anterior.
Trata-se de um problema estrutural que se arrasta há mais de
40 anos, fruto da ausência de investimento estratégico no aumento do número de
médicos e na diversificação das especialidades.
Os sucessivos governos, ao longo das últimas quatro décadas,
falharam em antecipar as necessidades crescentes de profissionais de saúde e na
criação de condições para atrair e manter médicos no SNS.
Este problema agravou-se com o envelhecimento da população e
o aumento das exigências no setor da saúde, em especial nas áreas críticas como
a obstetrícia, onde a falta de especialistas coloca em risco o acompanhamento
adequado de grávidas e recém-nascidos.
Felizmente, o atual governo deu um passo positivo ao abrir
mais vagas para os cursos de medicina, uma medida que, embora correta, levará
anos a surtir efeitos.
Não é possível resolver uma crise tão profunda em apenas alguns
meses, como muitas vezes a oposição, nomeadamente o PS e o Bloco de Esquerda,
tem sugerido com excessiva leviandade,
irresponsabilidade e ligeireza.
É importante lembrar que todos os partidos, que têm estado
no poder ou na oposição, partilham responsabilidades no atual estado do
SNS.
A solução para este problema não passa apenas por uma gestão
imediata e reativa, mas por uma estratégia de longo prazo, com um compromisso
político sólido e consistente que assegure o recrutamento, formação e retenção
de profissionais de saúde.
São necessárias políticas que atraiam mais médicos para o
SNS, que ofereçam condições dignas de trabalho e que garantam um planeamento
eficaz das necessidades de saúde das futuras gerações.
Estamos, assim, num momento de reflexão e ação. Um momento
que exige seriedade, responsabilidade e uma visão clara de que só com um
esforço conjunto poderemos garantir um SNS capaz de responder às necessidades
de todos os portugueses. Porque a saúde é um direito, e cabe-nos a todos lutar
pela sua preservação.
João Manuel
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