Num país onde a justiça deveria ser o alicerce da igualdade,
as longas décadas de espera por julgamento em casos de grande visibilidade
levantam questões perturbadoras sobre a real imparcialidade do nosso sistema.
Como pode a Justiça erguer-se como símbolo de equidade
quando cidadãos comuns observam, perplexos, a interminável novela jurídica de
figuras poderosas, como o caso Sócrates?
Décadas passam-se, crimes prescrevem, e a sensação de
impunidade instala-se, corroendo e desgastando a fé dos cidadãos num sistema
que deveria protegê-los.
O cidadão comum, que se vê esmagado pelo peso da burocracia
e das despesas jurídicas, só pode perguntar: existe realmente uma justiça igual
para todos?
Ou vivemos num sistema onde a riqueza compra tempo e,
eventualmente, a liberdade?
Os intermináveis recursos e manobras legais disponíveis
apenas para quem pode pagar criam uma ferida profunda na credibilidade do
sistema jurídico, fazendo-nos questionar se a balança da justiça está, de
facto, equilibrada.
É hora de repensar o nosso sistema de justiça, exigir
transparência, celeridade, e garantir que a justiça não seja um privilégio dos
ricos, mas um direito fundamental para todos.
Porque um país que permite a justiça para uns e a impunidade
para outros, não é um estado de direito, mas uma sociedade cega pela
desigualdade.
A justiça deve ser para todos, sem exceções. E é este o
grito que devemos erguer, pela dignidade de um sistema que verdadeiramente
proteja e sirva todos os cidadãos.
João Manuel
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