8/14/2024

Balanço da participação portuguesa nos Jogos Olímpicos



Também eu me congratulo com as medalhas e diplomas alcançados por representantes de Portugal nos Jogos Olímpicos de Paris. Foi de facto um momento alto para engrandecer o país nos feitos actuais. A sua capacidade de preparação, as vitórias programadas por anos de treino e discernimento, assim como o próprio trabalho do Comité Olímpico Português, são elementos de louvar.

Apesar desses feitos e do Governo, Presidente e líderes da oposição se terem mostrado no aplauso deveremos também olhar para o que correu mal. Não se trata do bota-abaixo, mas de melhorar para se obterem melhores resultados nos próximos eventos. Sendo que aí entramos todos, não se trata exclusivamente de questões de ordem técnica, existiram questões culturais a influenciar. Mas vamos abordar alguns tópicos.

O primeiro tópico é uma insistência minha, mas que vale a insistência. A opinião portuguesa não se portou bem nestes Jogos Olímpicos. Faltou apoio claro, em contrapartida somaram-se episódios de racismo e xenofobia. É comum outros competidores optarem por representar outro país, não vejo aí drama nenhum, muito menos razão para exaltar o puro sangue e a pura pele branca lusitana. Levar o apoio para o campo ideológico apenas divide, foi o que aconteceu.

Por outro lado, do ponto de vista do Comité Olímpico e/ou das federações, quem sabe dos clubes, falhou claramente a estratégia de gestão da comunicação e das expectativas, isto se havia uma estratégia. Cito dois exemplos flagrantes: o cobrar medalhas a Fernando Pimenta, que infelizmente estava em dia não, e sobretudo a gestão mental e comunicativa do nadador Diogo Ribeiro. Vai ser necessário um enorme trabalho para voltar a motivar o nosso jovem nadador. O problema dele não foi apenas o insucesso. Falou em excesso e o que disse implica retrabalhar a confiança. Quando se deixa um jovem competidor a dizer o que pensa, especialmente tão jovem, corremos o risco de dizer disparates, sair do foco e dizer o que agrada à comunicação social, que adora quando alguém no topo perde a cabeça e se enterra. A presença perante a comunicação social merecia algumas restrições, sem concentração é difícil pensar em medalhas.

Por último, importa salientar que as medalhas não se ganham no sofá. Fernando Pimenta ficou mais triste ainda pelo facto de se ter preparado e sacrificado a família em alguns momentos. Isso é como em tudo na vida. Competir nos Jogos Olímpicos requer um calendário para além dos treinos, mas também dos nossos próprios ciclos, da adolescência, da responsabilidades da maturidade e do coração dividido. 


José G. Ferreira

Sem comentários: