8/21/2024

Digo não ao referendo sobre a imigração



Vejo tanta hipocrisia nesta rejeição da imigração que me custa entender que valores (in)formam algumas pessoas. Até parece que o não desenvolvimento do país se deve aos imigrantes, quando na verdade necessitamos uns dos outros e não faltam portugueses imigrantes em terra alheia. Obviamente que nem tudo é um mar de rosas: 

1) Sempre existiram fluxos migratórios, mas o contexto da globalização e das desigualdades do modelo capitalista fizeram explodir esse fluxo, por sua vez agravado por guerras e pela crise climática.

2) Portugal tem manifestado diversas incoerências na política migratória, quer agradar a todos, mas depois não cria as condições institucionais e define regras. O problema agravou-se no último governo socialista, mas tem raízes anteriores. O pior de tudo é que os governantes esquecem a regra número 1: em política que deu certo não se mexe. Desmontar o SEF foi um devaneio que custa caro ao país. No entanto, o problema é estrutural, pois se precisamos de imigrantes precisamos definir de quem precisamos, quais as regras de entrada, quem gere o processo e que fiscaliza e como os acolhemos.

Por outro lado, precisamos separar o que são imigrantes e o que são refugiados. E precisamos saber como actuar perante outros fenómenos. O que fazer com esses turistas desordeiros que invadem o Algarve? Não são imigrantes, mas são visitantes temporários, o que merece igualmente atenção. Não é por serem brancos e europeus que a política deve ser diferente.

A tentativa do Chega em referendar o tema é eleitoralista, não é séria e tem diferentes olhares em face da tipologia de imigrantes. Sou e serei contra. O mesmo não significa que o tema não merece melhor atenção. Precisamos de medidas concretas e de debater o tema na sociedade, porém, JAMAIS com esse posicionamento de "ele que venha cá, tenho uma moca atrás da porta". Sejamos sérios, imputar o não desenvolvimento e a criminalidade aos estrangeiros, em particular aos brasileiros, não é uma posição séria nem justa. A sociedade portuguesa necessita de paz, não de artilheiros.


José G. Ferreira.

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