7/18/2024

Verões assim

Toca o sino na Igreja 

O relógio é o compasso 

Nas ruas é o vento

Sacode as chapas de zinco

Limpa a chora das oliveiras

Gera crispação nos cabelos

O céu azul derrete o olhar

A serra resplandece 

As vinhas soltam o aroma a pintor

Tem figos temporãos na figueira

O orvalho deixa as folhas do milho fartas

Na madrugada arrancam-se as batatas

Foge-se à hora de mais calor

A terra quente também é farta

Recolhe-se alguma milhem para os animais

A verdura será como salada na refeição

As casas já não têm vizinhos à porta 

Escuta-se um tractor vindo da fazenda

Diz-se boa noite a quem passa

Já se reconhece pelo ruído típico

Regamos as flores das escadas

A humidade escorre pelos degraus

Rapidamente evapora

Os gatos parecem em competição

Derrubam paus e telhas velhas 

Vêm à memória anteriores residentes 

Os ciclos parecem fechar-se com o encanto da Lua

Chega a ser interrompido pelo telefone a tocar

Retoma a posição e permanece no planalto


José Gomes Ferreira

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