Falam mal de Abril e da democracia em construção
As elites perderam o prestígio da vénia e obediência
Nunca vão perdoar isso aos capitães
Agora são também eles reverentes
Primeiro assistiram ao regresso dos retornados
Sem dinheiro, mas com a ousadia de conquistar
Depois assistiram ao regresso dos emigrantes
Filhos e filhas tornaram-se professores e engenheiros
Muitos fugiram à sina única de ingressar na GNR
Mais tarde as universidades abriram mais as portas
A elite engoliu as novas profissões e ideias
No culminar da desgraça surgiu o rendimento mínimo
Cheio de defeitos, mas para a elite materializa o rancor e a perda
Alguém que vive sem trabalhar e recebe do Estado gera inveja
Outrora era cada um no seu canto
Somente esse grupo restrito possuía carro e telefone
O frigorífico chegou a muitas casas portuguesas com os cravos
O pobre ficava num canto da sala de aula
A mulher do agricultor não se misturava com flores de estufa
O agricultor perfazia aglomerados com outros homens simples
Muitos a cheirar a rebanho e ordenha
A mulher pobre ficava em casa, o homem na taberna
As famílias de vénia frequentavam o café Recanto ou Primavera
José Gomes Ferreira
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