7/16/2024

100 dias de governo

100 dias de governo e o Costa não deixou saudades nenhuma. Não está em causa o carácter e idoneidade, mas era necessário mudar de ciclo. O governo de Montenegro começou periclitante, mas lá se encarreirou. Ainda assim, a coligação virou fantasma. Nuno Melo coloca a cabeça de fora várias vezes para reafirmar a presença do CDS-PP, mas a coligação morreu à nascença. Montenegro surpreende pela serenidade, por respostas assertivas e em resultado das escolhas para os ministérios. 

Tem presenças no governo que se podem transformar em fardo. Além do citado caso do Ministro da Defesa cite-se igualmente o caso da Ministra da Saúde. O Ministro das Finanças pode ser bom, mas esconde-se em demasia. Um Ministro das Finanças sem afirmação política tem dificuldade em assumir a sua importância no governo.

Independentemente das opções políticas de cada um, a habilidade de Montenegro para o diálogo político e para a disputa com exposição regulada joga a favor dele. Assim como retira qualquer justificação a um eventual chumbo do Orçamento do Estado ou mesmo à queda do governo. O grande desafio será ver o governo a resolver qualquer caso bicudo para além daqueles que herdou. Pior ainda será ultrapassar a mediatização de qualquer escândalo que envolve os seus membros. De resto a transição de governo para ter trazido ar fresco, ainda que a esperança à partida tenha sido pouca.

O baile de Montenegro com Pedro Nuno Santos mostra que ambos sabem dançar, mas é o líder do PSD que escolhe a música. Esta assertividade do governo é desfavorável ao líder do PS, mas sobre isso ninguém tem certezas. De qualquer modo o seu problema será mais amplo e não resulta da luta política. Ninguém esquece os episódios em que esteve envolvido, no entanto, creio que o que joga menos a seu favor é o carisma.

Não deixo de falar no Chega de André Ventura, que levou um safanão nas europeias por não ser a sua praia e pode levar outro, mais pequeno, nas autárquicas. Duas questões entram aí: de um lado, a insistência de Ventura em receitas repetidas e sem uma agenda de desenvolvimento; do outro lado, o protagonismo de Montenegro e, quem sabe, da Iniciativa Liberal. Montenegro encosta Ventura às tábuas, ele usa as narrativas de sempre, mas pode ser espremido. 

No meio de tudo isto o governo tem todas as condições para ver aprovado o Orçamento, só precisa trabalhar. O único interessado em ver votada uma moção de censura parece o líder comunista, talvez sem perceber que está a assinar a certidão de óbito do próprio partido.

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