17 junho 2024

Solidão

Solidão é o corpo em festa e a alma vazia 

É a aparência disfarçada de posse

O zumbido no ouvido e a indiferença

É o amor escondido sem metamorfose 

É o engolir de lágrimas para não dar parte de fraco

Solidão é não ter nada para dizer

Nem às paredes gretadas dos anos

Não é necessariamente não ser escutado

O território da escuta é como o do capital 

Não se remete ao isolamento gentio

Solidão é não possuir raízes 

Não saber para onde voltar após tempestade

É não conhecer a solidariedade quando o encanto se esgota

É perder o abraço por julgamentos de humildade 


José Gomes Ferreira

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