No contexto da Assembleia da República, a discussão sobre a
comemoração do 25 de novembro é tanto pertinente quanto necessária, contudo,
entendo que temos matérias e temáticas mais prementes e relevantes para a vida
dos portugueses, neste momento.
No meu entender, este tema não deveria ser uma prioridade da
agenda política.
Mas vamos diretamente ao assunto, a importância desta data no panorama histórico e político de Portugal não deve ser subestimada.
O 25 de novembro de 1975 marca um momento crucial na
consolidação da democracia em Portugal, um ponto de viragem que travou a
possibilidade de uma ditadura de esquerda após a Revolução dos Cravos.
O 25 de abril de 1974 é justamente celebrado pela sua
libertação da opressão e tirania da ditadura de extrema-direita que governou o
país durante décadas.
No entanto, o período pós-revolucionário foi marcado por uma
tensão crescente entre várias fações políticas, com o risco iminente de se cair
numa nova forma de autoritarismo, desta vez de extrema-esquerda.
Figuras como Jaime Neves e Ramalho Eanes foram centrais
neste processo. Jaime Neves, comandante do Regimento dos Comandos na Amadora, e
Ramalho Eanes, que mais tarde se tornaria Presidente da República,
desempenharam papéis fundamentais na estabilização do país.
A "direita militar", sob a sua liderança, preparou
um contra-golpe decisivo contra as tentativas de Otelo Saraiva de Carvalho e do
COPCON (Comando Operacional do Continente) de direcionar o país para um regime
de inspiração marxista.
Otelo Saraiva de Carvalho, sentindo o poder escapar-se-lhe,
distribuiu armas aos grupos esquerdistas, num gesto que poderia ter mergulhado
o país numa guerra civil.
A intervenção de Neves e Eanes foi, assim, vital para
garantir que Portugal não se desviasse do caminho democrático.
Comemorar o 25 de novembro não é apenas recordar um evento
histórico; é celebrar a vitória da democracia sobre qualquer forma de ditadura,
independentemente do seu espectro político. Assim como o 25 de abril simboliza
a libertação do autoritarismo de direita, o 25 de novembro deve ser visto como
o baluarte contra a ameaça de uma ditadura de esquerda.
É uma homenagem justa a figuras como Jaime Neves e Ramalho
Eanes, cujas ações garantiram que a esperança de um país democrático e
pluralista se mantivesse viva.
A celebração do 25 de novembro é, em última análise, uma
celebração da nossa democracia, dos nossos valores e da nossa história comum. É
um tributo à resiliência do povo português na sua procura ininterrupta pela
liberdade e justiça.
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