9/07/2024

Dia da Independência do Brasil



Desde cedo que na avenida perpendicular, a uns 200 metros de casa, escutava várias fanfarras. Sabia da celebração do dia da Independência do Brasil, mas não estava a par da programação, nem imaginava que a cidade de Campina Grande concentrava as celebrações no estado da Paraíba. Quando cheguei tudo indicava ser apenas um desfile militar, mas durante horas desfilaram também alunos de escolas da cidade, muitas fanfarras e bandas filarmônicas. 

Nunca presenciei um desfile tão grande e diverso, mas aí entra o facto de não ter grande gosto por desfiles militares, em Portugal somente posso referir os desfiles de guarda de honra, quando era militar na Base Aérea n°3, em Tancos. Entendo a alegria de muitas pessoas, sobretudo dos familiares presentes. Imagino o custo da organização, somente carros, camiõs e motos em número foram centenas. Não foram apenas os ramos das forças armadas, mas as várias policias: militar, científica, guardas prisionais, polícia civil e municipal, bombeiros militares e civis e carros de outros órgãos. Provavelmente daria para investir em bens duráveis. 

O desfile das escolas foi isso mesmo, alguns alunos de cada escola, destacando traços da identidade e/ou apresentando a sua fanfarras e elementos performativos. Alguns colectivos já conhecia. Curiosamente ou não, observam-se diferenças em face do bairro sede dessas associações: 2/3 totalmente eurocentricos, outros com preceitos de inclusão e diversidade e outros mostrando a importância da música e da escola no desenvolvimento das comunidades. Desfilaram vários grupos de capoeira, um outro elemento de inclusão social. Não fiquei até ao fim, mesmo assim estive por lá cerca de 3 horas.

A temática da Independência do Brasil merece várias reflexões, não necessariamente por causa dos 20% do ouro levado pelos portugueses. Não digo que o tema é irrelevante, mas existem outras prioridades. Em Portugal não se assinala o dia, mas deveria. Tem alguns portugueses que só olham para o Brasil com base na permanência de imigrantes, na violência e corrupção, ignoram a persistência da herança portuguesa em dimensões relacionais, por exemplo, o jeitinho é a cunha e o nosso favor. Para não falar do patrimonialismo e compadrio. Ainda assim, o principal desafio é a sua dimensão continental. Portugal é apenas do tamanho do estado de Pernambuco, uma ínfima parte dessa imensidão.

José G. Ferreira 

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