8/26/2024

Se foi teste será que passámos?



Em reacção ao sismo registado em Portugal esta madrugada o primeiro-ministro em exercício, Paulo Rangel, afirmou que foi um teste à nossa operacionalidade. Mais optimista foi Carlos Moedas ao afirmar que Lisboa está preparada para sismos ainda maiores. Depois do sucedido na resposta aos incêndios na Madeira este tipo de reacções é tipo manteiga com pão.

O que se passa com os nossos políticos? O que se pede é que sejam realistas e coordenem os dispositivos institucionais de resposta. Virem com inverdades não tranquiliza, gera maior desconfiança e afastamento dos cidadãos. No caso de Carlos Moedas o que se pede é que os municípios trabalhem no sentido das edificações resistirem a estes eventos. No caso de Paulo Rangel pede-se que acompanhe o processo, que mande investigar as razões do alerta não chegar a todos os telefones com Android e da necessidade de maior articulação com a comunicação social. A rapidez na divulgação de informação salva vidas. Declarações politiqueiras não servem para nada.

Não se tem investido por antecipação, o que não nos prepara para (estas) catástrofes. As poucas acções de educação para a protecção civil são insuficientes. É necessário uma intervenção desde o processo de construção de edifícios, redes de comunicação, existência de abrigos, resposta aos desalojados em caso de catástrofe, assim como meios logísticos, médicos, de mobilidade e outros. Temos a tradição de agir na boca do lobo, o que é arriscar muito. 

Também não podemos concentrar toda a resposta nos serviços de protecção civil, que, por sua vez, se transformaram numa estrutura burocrática e distante. Se o sismo foi um teste vamos aguardar pela avaliação, a não reprovação será por centésimas.


José G. Ferreira

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