8/28/2024

Dignidade na política


Os momentos são difíceis, mas parece que nunca foi tão fácil fazer política. Infelizmente é a tal política que o povo diz ser de vão de escada, de mero oportunismo, mas com rótulo de reformista e capaz de transformar o país. Não escapa nenhum, perdeu-se a dignidade na política e na vida de forma geral.

É absolutamente incrível como certos partidos e respectivos responsáveis ocupam a agenda pública com situações sobre as quais sabem não ter êxito, mas sobre as quais insistem para i) ganharem visibilidade instantânea e ii) tentarem afastar a atenção de problemas mais graves e a merecerem resposta urgente. E não se pensam que é apenas o fulano A ou partido A, é prática corrente. Tal como é prática corrente usarem os peões para darem a cara e evitarem desgaste público. Veja-se o papel de Paulo Rangel no governo, não somente agora que Montenegro foi a banho. Rangel tem sido usado para retirar polémicos do primeiro-ministro, assim como Hugo Soares, o líder parlamentar. O mesmo aconteceu com o PS, com José Luís Carneiro a tentar ganhar destaque. Claro que tudo isto resulta de entrevistas combinadas.

Já falei do centrão cabe falar do líder do Chega. Se a dona do PAN quer ir a reboque de tragédias André Ventura insiste na receita para bolo. Ou seja, o que interessa é ser falado. Todos sabemos que insistir no referendo à imigração não leva a lado nenhum, mas ele insiste em mexer no esterco para ter tempo de antena. Claro que existem problemas migratórios e não se vê solução. Mas mexer no estrume só aumenta o cheiro, não resolve o problema. Até porque os perfis migratórios são diversos, assim como as soluções. Achar que o problema se resolve com duas questões é cuspir na nossa história. Claro que são necessária medidas urgentes. Mas o problema não se resolve através de referendo. Teria de ser muito grande o consenso para as questões e teria de existir uma adesão superior a 50%. Talvez não saibam, mas os portugueses falam muito, mas na hora torcem o nariz, não expõem o seu caso.

Como referi, o Chega não é o único partido com telhados de vidro. O caso do PSD Madeira é bastante característico da teia de interesses ligados ao poder. A incompetência é fulminante, mas parecem desfilar em grandes avenidas. Mas quem fala em Albuquerque fala em Carlos Moedas. É muito descaramento e pouca confiança. Como se diz '"com políticos destes passo eu bem", só que não, assim não vamos longe. O político deve aparecer quando necessário, não quando chega com os beiços ao microfone.


José G. Ferreira

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