Dizem que o Natal é luz, alegria e partilha. Dizem. Na Póvoa de Santo António, aparentemente, este ano o Natal decidiu tirar férias… ou foi desligado no quadro elétrico da sensibilidade.
Ficámos a pensar:
Portámo-nos mal?
Esquecemo-nos de pagar impostos?
Ou será que, para alguns, a Póvoa não conta no mapa, é só um rodapé da consciência municipal?
Brincadeiras à parte (ou talvez não), custa perceber como uma povoação inteira fica sem uma única luz que lembre o Natal. Não pedimos Paris nem Londres, nem árvores de LED até à lua. Pedimos o mínimo: um sinal, uma gambiarra que diga “vocês existem”.
Aqui vive gente.
Gente que trabalhou uma vida inteira.
Reformados que já descontaram mais do que iluminações penduradas.
Crianças, poucas, é verdade, mas que ainda acreditam no Natal e no menino Jesus.
Pessoas que resistem à desertificação, sem café, sem espaço de convívio, mas com dignidade.
A iluminação Natalícia não é luxo, é pertença. É dizer a quem cá vive: não vos esquecemos. Faz parte da vida comunitária, da economia local, do espírito da época. Não resolve tudo, mas aquece, e muito, num tempo em que o abandono já pesa demais.
E não nos venham com a conversa da falta de dinheiro. Essa já não cola. Há sempre verba para tanta baboseira, mas curiosamente nunca para as aldeias. Coincidência? Talvez. Sensibilidade? Essa é que anda em rutura de stock.
Se não fossem os residentes desta terra, parecia que não estávamos na quadra Natalícia!
O Natal não pode ser só para as cidades bonitas das fotografias, sede de concelho ou freguesia. O Natal também mora nas aldeias, mesmo nas mais pequenas, envelhecidas e esquecidas.
Ainda vão a tempo.
Uma luz. Um arco. Uma estrela.
Qualquer coisa que diga: a Póvoa de Santo António também faz parte.
E já agora, a Póvoa também tem capela...
Porque Natal sem luz não é austeridade,
é esquecimento.
E disso, esta terra já tem demais.
Uma Santa Noite e um Santo Natal a todos e todas.
Mesmo… às escuras. 
Muita saúde e felicidades, fiquem bem!
João Manuel Magalhães Rodrigues Fernandes
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