Não gosto do Inverno. Não gosto dos dias curtos, da luz tímida, do céu cinzento que parece pesar sobre os ombros. A escuridão incomoda-me, oprime-me, traz uma sensação de solidão e isolamento que não nego nem escondo. A chuva entristece, o nevoeiro confunde, e embora suporte o frio, não é nele que encontro conforto.
No dia 21 de dezembro, domingo, assinala-se o Solstício de Inverno no Hemisfério Norte — o momento exato em que o dia é mais curto e a noite mais longa do ano. O Sol atinge a sua posição mais baixa no céu, a luz parece recolher-se, e a natureza entra oficialmente no inverno. Mas há aqui um detalhe essencial: a partir deste dia, a luz regressa. Lentamente, quase impercetível, mas regressa.
Desde a Antiguidade que este fenómeno astronómico carrega um profundo simbolismo cultural e humano. O chamado “sol parado” não é apenas ciência — é também metáfora. Marca o fim de um ciclo de escuridão e o início de outro onde, dia após dia, os dias crescem, trazendo consigo esperança, renovação e promessa de recomeço.
Em Portugal, o Solstício de Inverno de 2025 ocorre por volta das 15h02, lembrando-nos que mesmo nos dias mais curtos há sempre um ponto de viragem. É um convite à pausa, à reflexão e à consciência do tempo — esse bem precioso que tantas vezes desperdiçamos.
Num mundo acelerado, este dia recorda-nos algo simples e essencial: a luz nunca desaparece de vez. Pode enfraquecer, pode parecer distante, mas regressa sempre. Tal como na vida, depois das noites mais longas, vêm inevitavelmente dias mais claros.
Que este solstício nos inspire a sermos mais atentos, mais solidários e mais humanos — com os outros e connosco próprios. Porque, tal como o Sol, também nós temos a capacidade de voltar a iluminar, mesmo depois da maior escuridão. 
Um Abençoado e Feliz domingo, muita saúde e felicidades, sejam felizes...
Fiquem bem!
João Manuel Magalhães Rodrigues Fernandes
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