sexta-feira 10 2025

SILÊNCIO INVISÍVEL: O GRITO QUE O SNS TEM DE OUVIR


No calendário, o dia 10 de Outubro acende uma luz: o Dia Mundial da Saúde Mental. É a data que nos lembra de algo fundamental, mas muitas vezes invisível: a nossa mente é o motor de tudo, o quartel-general da nossa vida. Se o corpo adoece, há pressa no tratamento; se a mente vacila, persiste um silêncio constrangedor e uma espera que é, muitas vezes, angustiante.

A saúde mental não é um luxo, nem um tema da moda; é o alicerce da nossa saúde global. É a capacidade de gerir o stress, de trabalhar com produtividade e de fazer a nossa contribuição para a comunidade. Quando este alicerce racha, e racha em cada vez mais pessoas, de todas as idades e classes sociais, a vida para.
A ansiedade aperta, a depressão isola, e o futuro parece um muro.
E onde é que as pessoas procuram ajuda? O Serviço Nacional de Saúde (SNS) é a tábua de salvação para a maioria da população. Contudo, a realidade é um espelho quebrado: listas de espera infindáveis, consultas demasiado espaçadas e uma escassez gritante de profissionais , psicólogos, psiquiatras e enfermeiros especializados. Temos profissionais de excelência, mas são demasiados poucos para a dimensão do problema.
A Urgência da Resposta
Investir na saúde mental do SNS não é um custo, é um investimento inadiável na qualidade de vida, na produtividade laboral e na coesão social de um país. É tempo de parar de tratar os cuidados de saúde mental como um parente pobre da medicina.
É preciso:
Contratar mais profissionais: Abrir vagas e criar condições de trabalho atrativas para que os jovens psicólogos e psiquiatras possam servir no sistema público.
Descentralizar a resposta: Levar os cuidados de saúde mental aos centros de saúde, tornando-os acessíveis e parte dos cuidados primários.
Investir na prevenção: Promover a literacia em saúde mental nas escolas e nos locais de trabalho para que o pedido de ajuda não seja um tabu.
O grito do sofrimento mental é muitas vezes inaudível, um "silêncio invisível" que não aparece nas urgências ou nos exames de sangue, mas que destrói vidas por dentro. No Dia Mundial da Saúde Mental, o alerta é claro: o SNS tem a obrigação de dar voz a este grito, de o acolher e de o tratar. A saúde não pode esperar, e a saúde mental também não.

João Manuel Magalhães Rodrigues Fernandes

Sem comentários: