A coisa promete ou andamos distraídos. Vejo com preocupação uma certa concertação para embalar os portugueses e tenho dúvidas em identificar a origem. Primeiro, o primeiro-ministro foi entrevistado por uma jornalista que já o foi, mas agora apenas dá rosto às palavras de Montenegro. Se havia razões para a crítica levamos de rajada com entrevistas a Pedro Nuno Santos, que mais parecia uma sessão espírita, já que a expectativa era a da revelação do sentido de voto do Partido Socialista em matéria de Orçamento do Estado. A cereja no topo do bolo aconteceu na noite passada com outra entrevista, no modelo das anteriores, ao irrevogável líder do Chega. As revelações de André Ventura fizeram merecer o pagamento da consulta espírita anterior. Afinal teve convite, afinal não teve. Afinal o partido apoio um candidato externo à Presidência da República, íamos todos jurar que o partido era anti-sistema e que Ventura seria de novo candidato.
Foram três momentos deliciosos, ainda que nada tenham acrescentado ao país em termos de desenvolvimento. Montenegro mostrou-se apto da dominar as estruturas de comando e controle e a fazer um brilharete na execução de meios e narrativas de propaganda. Pedro Nuno Santos lembra um cientista que do pó vai criar ouro e fortuna para todos os portugueses, só espera o dia exacto para realizar a experiência. André Ventura clarificou que é candidato a mestre escola e qual o conteúdo pedagógico para os novos alunos e qual o papel da entidade escolar, definindo antecipadamente o perfil dos discentes, preferencialmente sem grande capacidade de raciocínio.
A coisa não está nada fácil. Se é o melhor que o tal eixo do poder apresenta estamos definitivamente perdidos. As semelhanças com o eixo do mal são muitas, vamos ter que apelar a maior sentido de cidadania. É tudo como receita para bolo, os únicos ingredientes usados são ideologia e capacidade de arrastar multidões para o descalabro. Seria bom reduzirem os egos, soltarem um pouco do ar que lhe enche o peito e falarem sobre opções e problemas/respostas do quotidiano dos portugueses. Por outro lado, a subserviência da comunicação social mostra que está com todos, pouco importa a objectividade, a ética e a representatividade. Podemos não ir a votos, que para o país nada adianta, mas a cada dia continuam as visitas a feiras e mercados.
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