Numa altura em que o debate político se intensifica, o argumento de que a Aliança Democrática (AD) governa como um executivo minoritário tem sido repetido à exaustão por várias forças políticas, desde o PS à esquerda e à direita radical.
De facto, concordo que a negociação é essencial num governo
que não detém uma maioria absoluta.
No entanto, é preciso ser claro: a AD ganhou as eleições. O
PSD obteve mais votos, mesmo que tenha o mesmo número de deputados que o PS. No
futebol, como na política, por um golo se ganha, e por um golo se perde.
Há, contudo, algo mais profundo a ser discutido. Embora o PS
tenha governado numa ocasião sem vencer as eleições, como foi o caso da
"geringonça", a legitimidade de tal estratégia, embora
constitucional, levanta questões de ética política.
Quando o Livre ou o Bloco de Esquerda falam sobre a AD ser
um governo minoritário, não sei se devo chorar ou rir, pois parecem esquecer-se
de quem, de facto, venceu as eleições.
Entre todas as vozes, uma que se destaca pela coerência é o
PCP. Mesmo discordando em muitos pontos, é inegável que tem mantido uma postura
mais séria no processo.
Já o Chega, com o seu líder André Ventura, que diz ter
"apenas uma palavra", parece estar numa posição onde a retórica se
sobrepõe à substância. Será para rir? Talvez. Mas o que importa agora é que o
Orçamento de Estado sirva os interesses da maioria dos portugueses.
Esperemos que as promessas de alívio no IRS, não agrave
nenhum imposto, não sejam acompanhadas de aumentos nos combustíveis, ou de outro
encargo manhoso imposto, aquele típico "dar com uma mão e tirar com a
outra".
É tempo de o povo
português merecer ser tratado com seriedade, sem ilusões ou promessas vazias.
Que a política seja mais do que números e que, no final,
sirva verdadeiramente todos.
João Manuel
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